Apesar do
gesto da doação, a nota abaixo, publicada no jornal O Mariano Nº 151 de janeiro
de 1948, mostra um pouco da realidade escolar, principalmente no que tange a
situação dos agentes de ensino. O gesto é nobre, porque parte de pessoas nobres
que, mesmo com a dificuldade que enfrentavam (e enfrentam ainda hoje), não
desistiram de construir um mundo melhor.
“As professoras Santarém, com elevado
espírito de sacrifício, entregaram para o Asilo de S. Vicente a importância de
Cr$ 480,00 o resultado de suas economias. Esta oferta tem duplo valor,
considerando a situação lamentável em que se acha atualmente o professorado
devido a remuneração insuficiente e a incerteza de seu futuro... Não sabendo se
amanhã já devem ceder seu lugar a outrem. É, alias, incrível como uma
professora ainda vive com um ordenado de Cr$ 200,00 importância que tantas professoras
do interior recebem, se não devem esperar ainda por meses. E as condições das
escolas? Misericórdia! Além da nomeação não tem quase nada: nem pedra nem giz para
não falar em carteiras... E assim devem preparar a mocidade para a vida. É
fácil criar escolas, porém sustentá-las, isto é o que é mais difícil. Cremos
que é mais urgente que nossas autoridades dirijam sua atenção às escolas para
ampará-las do que ventilar muitos outros problemas que talvez em um futuro
remoto possam ser resolvidos.
Queira Deus que esta não seja uma voz que
“brade no deserto”.
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