Fernandes
Bello (*)
Ruge
o caudaloso rio, – o sem rival no mundo,
As
vagas atirando às pedras da beirada;
A
canarana desce, em grupos enlaçada,
E
o cedro passa lesto e some-se no fundo,
Qual
em dia de inverno, horrífico, iracundo,
Solta
rouco trovão horrenda gargalhada,
Tal,
das águas a flor, de fauce escancarada,
O
enorme jacaré se mostra furibundo.
O
esquivo peixe-boi oculta-se medroso...
Remete-lhe
o arpão, com próspera destreza,
O
velho pescador que espreita cuidadoso;
No
entanto, o curumim, ali na correnteza,
Feliz
e sem temor, na Ygárá jubiloso,
Conduz
na saracára a tartaruga presa.
(*)
Dr. Antônio Fernandes Bello, literato e poeta, natural do Pará, escreveu este
soneto, publicado em 1915, ano em que exercia a função de Juiz de Direito da
Comarca de Óbidos, onde o rio Amazonas e a vida do povo obidense, lhe serviu de
inspiração para a composição desta poesia.
Que raridade poética! Lindo soneto!
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