sexta-feira, 23 de novembro de 2018

As várias Reformas da Catedral de Santarém



A Catedral de Nossa Senhora da Conceição teve sua construção iniciada em 1754, a mando do Governador do Grão-Pará, Francisco Xavier de Mendonça Furtado. Foi concluída e dedicada a 08 de dezembro de 1819.



A primeira descaracterização: Em 1836 foi invadida pelos “cabanos”, que lhe impuseram estragos em grande parte de sua arquitetura original.

Algumas das mais variadas REFORMAS que foram feitas:
Em 1838/39 – Foi REFORMADA a mando do então presidente da Província, Soares de Andrea. Esta primeira reforma foi estrutural, pois suas paredes apresentavam várias rachaduras, e também interna, em vista do estrago feito na época em que Santarém estava sob domínio cabano.
1851 – A fachada original e a torre do lado esquerdo desabaram. Boa parte do interior do templo foi danificado. O governo da província pensou em demolir a igreja e construir uma nova. No entanto os engenheiros provinciais opinaram em demolir a outra torre e reformar o interior do templo, dando-lhe aspecto MAIS SÓBRIO, o que foi feito entre os anos de 1851/52, aos cuidados do engenheiro Affonso Maugin Dezincort.
1855/56 – O templo sobre nova reforma, em vista de diversos problemas estruturais surgidos. É feita uma nova fachada e construídas paredes que “amparavam o exterior do templo.
1868 – Nova reforma na Igreja, foi trocado todo o reboco, as paredes foram novamente CAIADAS DE BRANCO (tanto por dentro como por fora), foram colocados ladrilhos nas laterais, pintados o forro e o altar mor (que eram em madeira). As janelas foram refeitas.
1876 – Criada nova comissão para uma nova reforma da igreja, presidida pelo pároco, Mons. José Gregório Coelho. 1876-1881 – A grande reforma feita DESCARACTERIZOU, por completo, todo o interior do templo. Os altares laterais foram demolidos. Outros foram construídos para abrigar novos santos de devoção (Sagrado Coração de Jesus, Nossa Senhora do Rosário), além de um novo altar lateral para a imagem de Jesus Crucificado doado pelo naturalista Von Martius. O altar mor, em madeira, foi demolido, em seu lugar foi edificado um novo altar em mármore. Tudo foi trocado: reboco, pintura, piso, forro, telhado, e foram construídos dois novos púlpitos. Foi construída uma NOVA FACHADA para igreja e nela colocada uma nova cruz, não mais em madeira, mas em ferro. Em 24 de setembro de 1881, a matriz foi novamente reinaugurada para o culto público TOTALMENTE DESCARACTERIZADA DE SUAS LINHAS ORIGINAIS.
1895 – Nova reforma: houve reparo no telhado que estava com goteiras, foi trocado o forro, trocados os púlpitos, colocados novos vitrais e janelas e a igreja recebeu nova pintura, desta vez com ARABESCOS e FANTASIAS. A reforma descaracterizou a anterior, que era da época imperial. Dessa vez, não foi feita com dinheiro do Estado, mas com doações dos fiéis. Foi realizada por Mons. Teodoro Gabriel Thaubi.
1904 – Uma nova reforma foi feita para adaptar a antiga matriz para se tornar Igreja Prelatícia. Nova pintura interna, instalação de baldaquino e trono para o Bispo, reforma na sacristia. O altar mor sofre modificações na sua parte estrutural, com acréscimos em madeira que foi posteriormente marmorizada.
1928 – Dom Amando manda repintar a, agora, Catedral, tira os motivos de arabescos e fantasias que haviam sido pintados em 1895 e coloca nova pintura, imitando blocos de pedra e marmorização das paredes laterais. O forro é trocado novamente. Intervenções são feitas no altar mor, não em mármore, mas em madeira. Construção de uma escadaria, na frente do templo, que até então não havia. Dessa época temos uma foto interna da Catedral (foto 01), quando o artista Manoel “Ligeiro” ainda não havia concluído a nova pintura.
1933-34 – Construção das novas e atuais torres da Catedral, em lugar das torres originais que já não existiam desde o século anterior. Obra de Frei Rogério Voges.
1942 – Nova intervenção interna no templo: Foram retirados os púlpitos laterais, colocado um novo púlpito frontal, o piso de madeira (assoalho) foi trocado por ladrilhos. As grades laterais foram retiradas, novo sistema elétrico foi colocado.
1952 – Reforma feita a mando de Dom Floriano Loewenal, o sacrário da Catedral é substituído por um novo sacrário, sendo o antigo sacrário enviado para a Igreja de São Sebastião. Nova pintura é feita na igreja.
1955 – Foi feita uma reforma geral do telhado, foi trocado o sistema elétrico e trocada a pintura interna do templo.
1965-68 – Nova reforma da Catedral. Tudo foi modificado, restando do original do prédio, somente as paredes em pedra e cal e as imagens sacras.
1981 – Dom Lino sugere que novas reformas sejam feitas. Algumas modificações são feitas na pintura interna e externa do templo, procurando melhorar um pouco o aspecto sóbrio deixado na reforma anterior.
1986-87 – Nova reforma no interior da Catedral, encaminhada a pedido de Dom Lino e realizada por padre Valdir Serra. Os serviços estiveram a cargo de Laurimar Leal.
2001-2002 – Nova pintura interna e externa do templo, mudando-se as cores. Foram colocadas as centrais de ar-condicionado e novos vitrais na nave do altar mor.
2008 – Nova pintura interna da igreja.
2009 – Colocação de motivos sacros (através de colagem) no arco da Nave Central.
2012 – Para atender recomendação do MP, a escadaria da Catedral é revitalizada para dar mobilidade a portadores de deficiência.
2018 – Execução do Projeto de Revitalização interna da Catedral.

Outras reformas houveram no passado que carecem de documentação para sabermos que intervenções foram realizadas (sabemos de pelo menos mais duas reformas no século XIX, mas não podemos precisar datas e o que foi feito). Essas são as que possuímos conhecimento em nossas pesquisas documentais. Como se pode ver, historicamente falando, a única coisa original da antiga matriz que existe ainda hoje são as suas paredes internas (a fachada externa e as torres não são originais, foram refeitas em estilo neoclássico nas reformas de 1876/81 e de 1933/34. Desde a invasão cabana a Santarém a Catedral vinha sendo descaracterizada e, com a reforma feita em 1876/81 NADA MAIS EXISTE de original na Igreja. Todas as fotos que temos, portanto, não refletem nada do que a Matriz foi no seu projeto original.

 
NOTA: Na imagem, fragmento da capa do meu livro “A Catedral de Santarém” (que serviu de fonte para esse texto), com desenho de 1860, mostrando o frontispício da igreja e foto de 1904, mostrando a fachada da Matriz de Santarém, sem as torres.



Nenhum comentário:

Postar um comentário