segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Momento poético: A exemplar Teresinha

Pe. Manoel Rebouças Albuquerque

Sou pequenina, graciosa e alegre,
Tenho os encantos de um rosal em flor;
Não sou vaidosa, mas confesso as graças
Que me concede Deus Nosso Senhor.

Nunca me pinto, porque sou bonita;
Nunca me enfeito, porque tenho graça;
Adoro o estudo, mas não faço fita;
Amo o recreio, mas não sou madraça.


Cubro os meus braços porque sou modesta;
Velo o meu peito que o pudor defende;
Não sei de gente que me veja em festa,
Se nessa festa ao Pai do Céu se ofende.

Baixo os meus olhos porque sei guardar-me;
Guardo os meus lábios porque a paz me encanta;
Fujo de tudo o que puder manchar-me,
Porque sou filha duma Mãe que é santa.

Ajudo em casa a minha mãe querida,
Lavo a roupinha dos irmãos menores:
Já me preparo para ser na vida
Mãe de família entre as que o são melhores.

Respeito os velhos; sei tratar a todos
Com gentileza e com sinceridade;
Amo a franqueza; nunca usei de engodos,
Sempre que falo, falo com verdade.

Amo o trabalho; sei varrer a casa;
Trago o quintal num mimo de limpeza;
Sou pontual; nas aulas quem se atrasa
Não há de ser esta gentil Teresa.

À minha Pátria quero um bem imenso;
Voto à Bandeira acrisolado afeto;
Amo a Família, e se estou longe penso
Constantemente no meu lar dileto.

Em casa eu rezo de manhã e a noite,
Pedindo as bênçãos e o perdão de Deus;
Embora a dor alguma vez me açoite,
A Deus me entrego nos desígnios seus.

Não tenho medo do falar do povo,
Que de cobarde me chamou “beata”;
Deste caminho bom não me demovo,
Pois quero a vida moralmente exata.

As minhas mestras dão-me por modelo,
Mas não me orgulho nem me esquivo à glória;
Nada me turba, nem me tira o zelo,
Porque também me beija a palmatória.

Assim sou eu: assim fui fabricada
Pelo Divino Eterno Fabricante.
Sou pobrezinha; não possuo nada;
Deus me dá tudo e tudo a cada instante.


NOTA: Pe. Manoel Rebouças Albuquerque nasceu em Tefé – AM, local onde fez esta poesia no dia 15 de setembro de 1937, dedicada “à graciosidade dos onze anos de Ivaldina Alves” e publicada no “O Mariano” Nº 27, daquele mesmo mês e ano. Posteriormente, Pe. Manoel veio para Santarém, onde trabalhou durante muitos anos. 

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