terça-feira, 15 de março de 2016

Uma tentativa de assassinato em Santarém – 1875


No dia 26 de dezembro findo, às duas horas da tarde, três praças da guarda local desta cidade: Zeferino, Manoel do Carmo Ferreira e outro, cujo nome ignoramos, provocando desordens na praia que fica em frente à Igreja Matriz desta cidade, feriram os índios Manoel Pedro, agregado de Bernardo José dos Santos Braga; Hygino, agregado de D. Dionizia Maria da Silva Pinto; e o mulato Florêncio, escravo do major Maurício José Pereira Macambira.
Aos gritos de socorro acudiu o cidadão José Joaquim da Silva, nosso amigo, que os prendeu em flagrante delito, à ordem do Ilmo. Sr. Subdelegado de Polícia do Distrito.

Os desordeiros desobedeceram e resistiram à intimação.
Zeferino, proferindo as palavras: “eu te ensino” correu à uma canoa, onde já tinha de antemão uma grande faca americana, e lançando-se sobre o nosso amigo Silva para assassiná-lo, desviando-se este, achava-se em frente do mulato Florêncio que lhe diz: “O que vai fazer? Acomode-se”. Zeferino, ainda mais furioso lança-se sobre o mulato, que não podendo resistir-lhe, foge para a água, lançando-se ao rio. Zeferino o persegue dentro da água, fazendo-lhe três ferimentos.
Se o mulato não encontrasse com a mão a faca do sicário, teria sido assassinado, pois este era o intento.
Apareceram então o Subdelegado, o sargento da polícia, um guarda local e o nosso digno Vigário, acudindo então muito povo. Ainda assim Zeferino procurou resistir e fugir. Felizmente acham-se recolhidos à cadeia desta cidade os três guardas de polícia local, sendo Zeferino o mais criminoso.
Conta o carcereiro da cadeia que chegando à prisão, em sinal de regozijo, ou por distração, puseram-se a tocar e cantar.
Aguardamos o resultado das indagações. O subdelegado procedeu a corpo de delito nos feridos tendo já sido inqueridas as testemunhas”.


NOTA: Publicado no jornal A Constituição, Nº 07, de 1876.

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