domingo, 10 de fevereiro de 2019

Os problemas políticos de Oriximiná – 1979


O vereador do MDB Walter Marinho, em entrevista exclusiva para o Jornal do Baixo Amazonas revelou ao repórter todos os problemas que estão ocorrendo no município de Oriximiná, com relação a administração municipal e o povo. O edil oposicionista, disse que a revolta parte da população e não dos membros da oposição, e antes de começar a contar toda a história, disse “o que a oposição está fazendo é apenas apoiando o povo, já que é um partido do povo. O Movimento Democrático Brasileiro não tem interesse nenhum de colocar alguém ligado a oposição para ser ou concorrer p cargo de prefeito de Oriximiná, que nos do MDB e o povo queremos é um prefeito que seja do povo, aquele que tenha um bom relacionamento com o povo. É este o prefeito que Oriximiná quer”.

Walter disse que a política em Oriximiná começou a modificar radicalmente do dia em que o governador Aloysio Chaves chegou a cidade ainda como candidato ao governador do Estado. Em Oriximiná sempre existiram duas facções políticas, mas nunca houve desentendimento entre famílias, entre parentes e até mesmos amigos. Já com a visita de Aloysio a Oriximiná, as coisas começaram a se modificar. Logo ele nomeou Raimundo Oliveira para exercer o cargo de prefeito de Oriximiná. Isto causou uma revolta muito grande naquela cidade e foi então que foi criado a oposição com a saída de aproximadamente 150 filiados da Arena que fundaram o MDB em Oriximiná. O vereador oposicionista fez severas denúncias contra o prefeito Raimundo José Figueiredo de Oliveira, acusando o gestor oriximinaense de corrupto. Disse o edil “como pode um homem entrar na prefeitura com dívidas de 1 milhão e 800 mil cruzeiros no Banco do Brasil no Banco da Amazônia e 300 mil cruzeiros no Banco do Estado do Pará” e em poucos meses cobrir suas despesas nessas casas bancárias. O que se pode pensar se não foi com o dinheiro do município que o prefeito pagou suas dívidas, com que ele cobriu suas despesas”.
Prosseguindo Walter Marinho disse que segundo comentários na cidade, o prefeito possui em Belém duas casas residenciais, um apartamento em Brasília, uma fazenda em Paragominas e recentemente comprou uma das fazendas mais lindas do município de Oriximiná. Além disso, frisou ele, Raimundo Oliveira quando entrou na prefeitura apenas possuía 150 cabeças de reses, isto em sociedade, hoje somente ele possui cerca de 1.000 cabeças de gados em Oriximiná.
Diz o vereador que se realmente o prefeito possui tudo isto deve ter sido com dinheiro do município que conseguiu, pois somente da Mineração de Trombetas, entra por mês para Oriximiná a quantia de 1 milhão a 1 milhão e 500 mil cruzeiros, fora outras rendas que entram do próprio município. Continuando disse ele, “é difícil sabermos se realmente o prefeito tem usado verbas do município, pois na Câmara Municipal, nós apenas possuímos dois vereadores enquanto eles possuem quatro”.
O vereador denunciou ainda o prefeito de ser corrupto, pois afirmou o edil, Raimundo Oliveira, no ano de 1977, mandou para Manaus 40 cabeças de gado sem tirar de Oriximiná a nota fiscal. Naquele Estado o gado foi preso pela Polícia Federal que abriu o inquérito para apurar o contrabando do gado. O fato foi camuflado, disse Walter Marinho, mais com a exoneração do funcionário Newton Guimarães de Noronha e pediu uma nota fiscal com a data atrasada a fim de que pudesse se defender do contrabando de gado.
Antes de encerrar suas declarações Walter Marinho, disse que além dessas corrupções e de outras que o prefeito é suspeito, Raimundo Oliveira também é arbitrário. Frisou ele, o prefeito possui em sociedade com uma empresa, uma plantação de castanha localizada no município de Óbidos. De vez em quando o prefeito manda soldados da polícia que se encontram destacados em Oriximiná, prender extratores de castanha que estão explorando castanha-do-pará na sua área ou nas áreas localizadas nas proximidades de sua terra. No passado disse Walter mais de 30 extratores de castanha foram presos pela polícia, por ordem do prefeito Raimundo de Oliveira.
Continuando disse o vereador, uma das mais novas corrupções feitas pelo prefeito foi antes da eleição do dia 15 de novembro passado, quando ele mandou confeccionar chapéus com escritos da campanha eleitoral de seu irmão João Augusto e camisas em comemoração a pré-inauguração do “Estádio Mundinhão”. No dia sete de setembro disse o vereador quase que todos os estudantes desfilaram de chapéus com a propagando eleitoral de João Augusto, e no dia da pré-inauguração do estádio foram distribuídas camisas. Mas, adiantou Walter Marinho, a melhor de todas, ocorreu quando veio para prefeitura a nota fiscal da confecção dos chapéus e das camisas. O recibo as chegar nas mãos do prefeito disse ele Raimundo Oliveira devolveu para a firma em Belém, a fim de que a nota fiscal dos chapéus fosse colocada uma quantidade de carrada de terra, e na nota fiscal das camisas fosse colocado uma quantidade de carrada de pedra.

NOTA: Publicado no Jornal Baixo do Amazonas, de 21 de abril de 1979.

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