terça-feira, 9 de abril de 2019

A “voz de ouro” de Santarém...



A história registra hoje o adeus a Edenmar da Costa Machado, popularmente conhecido como “Machadinho”.
Em 1942, ainda estudante do Colégio do Carmo, em Belém, foi convidado a vir para Santarém, compor o quadro de primeiros alunos do novo Ginásio Dom Amando (hoje Colégio Dom Amando).
Foi, como aluno do Ginásio, que Machadinho apresentou, pela primeira vez, durante as comemorações da semana da pátria de 1943, a sua voz ao público santareno, quando cantou a canção cívica “Gigante Altaneiro”, de autoria do compositor paraense Abibe Bechara. O local de revelação do artista: o palco do Teatro Vitória. Santarém conhecia assim a “voz de ouro”, que lhe encantaria por décadas seguintes, até ser emudecida pela doença, anos depois.
Machadinho era presença frequente em apresentações líteros-musicais, mas também era boêmio e, juntamente com diversos outros músicos, era presença certa em serestas tapajônicas.
Grande destaque teve sua voz na “Semana de Santarém”, realizada em 1972, no palco do Teatro da Paz, em Belém. Músicas como “Seresta do Amor” (autoria de Laudelino Silva), “Perfume” e “Um poema de Amor” (de autoria de Wilson Fonseca), “Triunfal Consagração” (de Emir Bemerguy) ecoaram pelo teatro paraense na “voz de ouro” do Machadinho.
Era franciscano de coração, não somente por conta de sua devoção ao santo padroeiro de Assis, como também por conta do seu amor pelo time do São Francisco Futebol Clube.
Sua vida de fé foi marcada por dois importantes fatos: sua participação no Cursilho de Cristandade e o fato de ter sido convidado, por Frei Vianney Miller para coordenar o Círio da Padroeira de Santarém: Nossa Senhora da Conceição.
Foi nessa função que conheci o “Machadinho”. Uma função que desempenhou com dedicação e amor desde o início até o fim, por quarenta anos, até “passar o apito” para o Gilberto Dinelly.
Ultimamente tive a honra de poder acompanha-lo em algumas pesquisas que fiz para reconstituir a memória da Festa de Nossa Senhora da Conceição. O músico (tocava violão), cantor, futebolista e homem de fé também era um homem de história. Me mostrou seu arquivo, do qual pude fazer uma cópia parcial. Entre os diversos documentos que me cedeu, e já encerrando esta pequena homenagem, transcrevo aqui o trecho de uma carta escrita em Belém, PA, em 28 de outubro de 1972, por José Geraldo Rodrigues:

Meu caro colega Edenmar da Costa Machado, ainda existem homens que vivem para a família. Respeitam o Ser Superior, que nos domina, DEUS. Adoram a Arte. Curvam-se diante do que é belo, a Música, o Amor, a Fé!
Você, mocorongo-velho-de-quatro-costados, plagiou filosoficamente, os sentimentos sadios e construtivos do nosso inesquecível poeta Olavo dos Guimarães Bilac. “CRIANÇA, AMA COM FÉ E ORGULHO A TERRA EM QUE NASCESTE”. Você ama Santarém. Bonito. Lindo, de morrer. Para mim, Machado, você é um Homem Bom. Digno da admiração e respeito dos seus conterrâneos, colegas e amigos. Possuidor de uma humildade quase franciscana.

Que a voz de ouro faça parte dos coros celestiais. Descanse em paz!

Santarém, 09 de abril de 2019.
Padre Sidney Canto


Nenhum comentário:

Postar um comentário