De Juiz uma vara
me deram,
Para poder este
povo mandar,
De Juiz em
cartuxo tornei-me
Para livre poder
cartuxar.
Pirulito que
bate que bate
Pirulito que já
bateu,
O Cartuxo lambe
os beiços
Das Ovas que já
comeu.
Alcagote eu sou
té de negras,
De furtar sempre
tive o condão;
De calúnia,
mentira e rapina,
É formado o meu
bom coração.
Pirulito que
bate que bate
Pirulito que já
bateu,
Cartuxo na
chafarica
Faz figura de
sandeu.
Que se importam
que furte, que minta?
Isso faço por
triste fadário,
Quem me avista
bem, pode dizer:
“Tu não passa de
vil salafrário”!
Pirulito que
bate que bate
Pirulito que já
bateu,
O Cartuxo tem saudades,
Das Ovas que não
comeu.
NOTA: Poesia
escrita em Óbidos, PA, a 08 de dezembro de 1867.
Publicada em
Jornal da capital amazonense (Rio Negro), e assinado apenas com o pseudônimo de
“Formiga Doida”, é uma crítica ao Juiz da recém-criada Comarca de Óbidos,
acusado de “vender sentenças”. Na época, conforme se pode constatar em alguns
jornais da capital do império, um bacharel ser nomeado para a comarca de Óbidos
era semelhante a ser condenado ao degredo.
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