Depois do
lamentável colapso do serviço de luz e força desta cidade, verificado em fins
de maio último, com um “black out” de mais de uma semana, aliás por nós há
muito previsto em vários artigos deste jornal, o sr. Vice-prefeito em
exercício, num esforço digno de menção, procurou remediar a situação,
designando pessoas competentes para, sob a orientação do sr. Gerente daquele
departamento público, reformar ali o que fosse necessário, substituindo as
peças inutilizadas pelo incidente.
Também foram
adotadas algumas medidas acauteladoras contra os que usam e abusam do consumo
de energia. E o resultado destas diligências não se fez esperar. A luz melhorou
consideravelmente. A iluminação que se não obtinha com uma lâmpada de 60 velas
por 120 volts, agora é superada por uma de 15 velas por 220 volts.
É intuitivo que
este padrão deverá ser observado fielmente para que possa ser conservado em
benefício geral. O interesse público reclama que assim se faça.
Infelizmente, a
incompreensão ou a má fé de muitos, age de modo contrário. Pois, como é sabido,
foram delimitadas quantidades exatas de energia para o consumo de acordo com as
necessidades de cada contribuinte. A comissão encarregada da revisão geral teve
de realizar um trabalho de mouro para bem cumprir a sua missão. A administração
municipal, por sua vez, desdobrou-se em expedientes de emergência para que a
população, com a reforma adotada, fosse bem servida.
Mas, o que vemos
atualmente? A tabela oficial está sendo cumprida fielmente? Não.
Há contribuintes
que estão consumindo mais do que lhes é permitido, em plausível desrespeito às
medidas adotadas para que não voltemos às trevas dos últimos dias de maio.
Pessoas inescrupulosas estão empregando maior quantidade de lâmpadas do que a
que lhes foi concedida. Isso implica em afrontoso desrespeito às ordens
emanadas da administração municipal e em prejuízo dos demais que até agora
esperam que lhes seja ligada a luz em suas residências. É vergonhoso
confessa-lo, mas isto é a verdade.
Urge, pois, para
o caso uma medida mais enérgica, de vez que alguns não querem compreender que
quando o sol nasce é para todos e que as ordens emanadas dos poderes
constituídos devem ser cumpridas fielmente, desde que estabelecidas dentro do
que é justo e visando o interesse da comunidade.
Assim, é natural
que, uma vez que as determinações oficiais não estão sendo cumpridas nem
respeitadas, a administração lance mão de medidas mais enérgicas, privando do
conforto de energia elétrica as pessoas que procuram burlar a boa fé dos
funcionários encarregados da fiscalização; das que dizem conformar-se com o
número de velas estabelecido para cada habitação e que, depois de servidas,
adaptam às suas residências a quantidade de lâmpadas que bem entendem.
NOTA: Publicado
no Jornal de Santarém de 12 de junho de 1948
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