quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Momento Poético: Soneto


Por Franco de Almeida

Ai, quem me dera, em sonho ou fantasia
Ver-te ensaiar, numa infantil candura,
O mágico sorriso de ternura
Que nos teus lábios vi bailar um dia!

Tendo nos olhos cor de noite escura,
Na voz tens pizzicatos e harmonia...
Vênus, por certo, ao ver-te, invejaria
Esse conjunto ideal de formosura... 

Que tintas e pincéis pôde a pintura
Empregar para a lírica frescura
Do rosto teu gravar na tela fria, –

Se as olímpicas musas da poesia,
Nem na lira em arpejos noite e dia,
Podem cantar-te, em verso, a fonte pura?

NOTA: Poesia escrita na Vila de Brasília Legal, atualmente no município de Aveiro (PA), no dia 13 de novembro de 1926.

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