Há dois meses
faleceu Dom Frei Amando Agostinho Bahlmann (foto), Bispo titular de Argos e Prelado de
Santarém, no Pará.
Doutor em
Filosofia e Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma, aqui aportou em 1892
e naturalizou-se brasileiro.
Ocupou
importantes cargos em sua Ordem e assinalados serviços prestou ao nosso País,
como apóstolo e bispo missionário durante um longo período.
Identificado
perfeitamente com os nossos costumes, as suas atividades revelam, em alto grau,
a dedicação pelas coisas do Brasil, demonstrando assim a eficiência do
Apostolado cristão em nossas plagas.
Dentre muitos,
citaremos apenas um exemplo de sua vida cheia de benemerências.
A colonização
germânica, italiana e polaca estava em pleno florescimento em Santa Catarina, e
a luta renhida foi travada com o elemento nacional – o nosso índio, que era
rechaçado em toda a linha, de suas terras.
Os nossos
governos já eram impotentes contra a carnificina que assolava então aquelas
paragens.
Jornais escritos
em alemão, na cidade de Blumenau instigavam até os colonos à reação
destruidora, por meios violentos.
Assistimos então
aos inomináveis massacres dos brasileiros que se foram, por essa forma,
extinguindo, de cujos crimes são responsáveis os interesses políticos então
dominantes.
Pois uma voz
levantara-se naquela ocasião.
A palavra de D.
Amando, então simples missionário franciscano, desempenhando funções do seu
cargo nesta zona do sul, foi como um brado de protesto veemente contra o
martírio de nossos patrícios.
Em um folheto
especial fez circular a defesa dos silvícolas, apelando para os nossos
sentimentos de caridade e patriotismo.
Já era tarde,
talvez, mas a nossa gratidão deve ser imorredoura, em nome das vítimas em
holocausto dos interesses nacionais em jogo.
Se já nos
primórdios de nossa história assistimos o Jesuíta pugnando em favor do índio,
400 anos após, ainda a voz do Missionário Católico ecoava pelas nossas plagas
em pregações cívicas e patrióticas.
Perde assim a
Igreja Missionária um grande e virtuoso apóstolo, e o Brasil um dedicado
servidor, a cuja memória rendemos gratas homenagens.
V. M.
NOTA: Artigo
publicado no jornal Rio-Negrense de 14 de maio de 1949.
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