Nem tudo eram flores na
Santarém do passado. No dia 14 de setembro de 1927, a empresa que geria a
“Usina de Luz e Força” desligou as caldeiras e deixou de produzir a energia
elétrica para a cidade de Santarém.
O fato se deu por conta do
seguinte: O Intendente municipal, temendo a devastação ambiental ocasionada
pela extração de madeira que servia de lenha para as caldeiras da usina,
instituiu um imposto sobre o metro cúbico de lenha no valor de 500 réis
extraídas das matas do patrimônio municipal. O resultado foi o imediato repasse
do imposto ao preço do feixe de lenha que era vendido na cidade na média de
7$500 (sete mil e quinhentos réis). Acontece que a empresa da “luz” só queria
pagar 4$000 (quatro mil réis) no metro público. Como os lenhadores se sentiam
lesados em seu trabalho e não baixaram os preços, a empresa cortou a energia da
cidade e acusou que a causa seria o referido imposto sobre a lenha.
O jornal “A Cidade” do dia 17
de setembro nos revela que, após três dias sem energia elétrica, a empresa foi desmentida em
suas desculpas e desmascarada, conforme consta no trecho do editorial:
“Eis como se explica a atitude dos homens da luz, que, comprando uma
questão alheia, quiseram ser mais realistas que o rei. Sim, porque o imposto em
apreço é taxativo sobre os lenhadores e não sobre a empresa que, - não nos
consta, - não tem gente assalariada para esse mister. E assim sendo o seu
protesto nada vale, como o não valeria mesmo em tendo ela o serviço de extração
por sua conta.
O
sr. coronel intendente mantém e manterá seu ato, alías com o qual estão de
pleno acordo os lenhadores.
A
teimosia, pois, é da empresa e esta é a única responsável pelo não fornecimento
de luz à população”.
Os tempos, quase cem anos
depois, são outros, mas os problemas parecem ser ainda bastante semelhantes...
Nenhum comentário:
Postar um comentário