O ofício a seguir, sobre a tomada do quartel
cabano de Ecuipiranga foi escrito pelo Padre
Antonio Sanches de Brito, fundador da Missão Mundurucu de Nossa Senhora da
Saúde (atual Juruti Velho, no município de Juruti). A operação contou com a participação
dos índios da citada tribo que lutaram contra os cabanos aquartelados em Ecuipiranga. Eis o texto:
“Ilmo. Snr.
Passo
agora a V. S. com o ofício em copia tudo quanto se passou relativamente ao
destroço do grande Ponto de Ecuipiranga; em verdade os rebeldes não precisavam
de armas de fogo para se defenderem e repelirem qualquer força mais aguerrida
que fosse e só vendo se pode fazer uma ideia de como perigoso e temerário foi o ataque; perdemos
dos nossos sete e 88 feridos, destes só 4 mortais e da parte dos rebeldes só
nas trincheiras cinco. Recolhendo-se a expedição que os havia em debandada
acharam muitas sepulturas frescas pelas estradas, campos e casas, e pelo que se
tem apresentado em número já excedente de 300 – entre homens, mulheres e
negros, sabemos que foi grande o número de feridos; os negros conto 70 a 80
apresentados, alguns apanhados e outros mortos; pode o Amazonas contar-se
restabelecido e por estes dias ficará todo o distrito de Villa Franca na antiga
ordem, porque agora só trato de explicar medidas de os chamar pacificamente e
toda esperança tenho de em breve fazer sair alguns rebeldes influentes para
chamar os seus, contando já só de um Ponto 30 apresentados. Por ora não convém
remeter estes e outros que estão presos para evitar desconfianças, o que farei
depois, dando uma exata e um inventário de tudo que se tem achado e se for
descobrindo, por que não admito presas, aplicando ao infrator 100 xipoadas
(sic); fiquem, portanto, os Servos Tapajoenses certos que lhes hei de
fiscalizar ainda os restos de seus trastes perdidos, dos quais já tenho
bastantes.
Pelo
Brigue Brasileiro remeti a V.S., um criminoso de nome Porfírio, bem assinalado
nesta vila.
Deus
guarde a V.S.
Ponto
Queimado de Ecuipiranga, 15 de julho de 1837
(Ao)
Ilmo. Sr. João Henrique de Mattos, Tenente Coronel Comandante Militar do Baixo
Amazonas.
Antonio
Manoel Sanches de Brito, Juiz de Paz”.
Muito interessante. A história é algo fascinante. Também observo pela linguística. Nos faz falta divulgar documentos com a linguagem utilizada nos documentos para ser equiparada com a atual.
ResponderExcluirUm grande achado, primeiro por ser documento raro da cabanagem e por ser escrito pelo fundador de Juruti. obrigada por nos proporcionar essa preciosa leitura.
ResponderExcluirUm grande achado, primeiro por ser documento raro da cabanagem e por ser escrito pelo fundador de Juruti. obrigada por nos proporcionar essa preciosa leitura.
ResponderExcluirUm grande achado, primeiro por ser documento raro da cabanagem e por ser escrito pelo fundador de Juruti. obrigada por nos proporcionar essa preciosa leitura.
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