Por Augusto
Lopes
A ti...
Tinha caído a
noite. Os cálices das flores
Abriram-se na
sombra.
Céu... poucas
estrelas;
E a brisa morna
e langue;
Enchia de
rumores
Os cândidos
vergéis, as cascatas mais belas.
Andavam pelo ar
flutuações de arminho;
Chegava-me de
longe
O aroma de um
jardim...
Num triste
soluçar,
As águas em remoinho
Branquejavam
além, quais lençóis de cetim.
Girava pela
terra um rasto de alegria,
Bailavam com
ardor
Os insetos da
noite.
Dormiam no
silêncio
Os pássaros do
dia
Ao cercear da
brisa, embalados de açoite.
Passavam a gemer
virações do Sul...
Então surgiu a
Lua,
– Um branco
menufar –
Na orla
celestial
De um horizonte
azul
Entornou um
silêncio a luz do seu luar.
Era um luar
assim de mística expressão;
Opala diluída
Em torno de
verbena...
E o poeta
enamorado
Ao seu meigo
clarão
Ia lendo no Azul
o mais belo poema!
NOTA: Escrita em
Santarém, 1933.
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