segunda-feira, 15 de julho de 2024

A primeira festa do bairro do Santíssimo Sacramento

 

Encerraram-se brilhantemente, a 1º deste mês as festas com que a Igreja Católica de Santarém, em adesão ao Congresso Eucarístico realizado no Rio de Janeiro, homenageou a Pátria Brasileira por motivo do Centenário.

Desde a noite de 24 de setembro até a de 30 do mesmo mês, em confortável LATADA (grifo meu) armada à Avenida Mendonça Furtado, no pitoresco bairro da Prainha, houve ladainha com Benção do Santíssimo Sacramento e prédica. Na manhã de 1º (de outubro), perante numerosa assistência, teve lugar a missa na elegante capela de São Sebastião, e a tarde a deslumbrante procissão fluvial que em todos produziu a mais agradável impressão.

Certo foi um lindo espetáculo, inédito em Santarém, e que por todos os motivos mereceu a admiração de quantos tiveram a fortuna de assisti-lo.

Cerca de quarenta embarcações, grandes e pequenas, na maioria engalanadas, desfilavam garbosamente à reboque das lanchas “Maciste” e “Brazileira”, proporcionando-nos um inusitado quadro à vista e ao coração.

O cortejo partiu da Prainha, do porto fronteiro à Latada, capitaneado pela “Maciste”, imediatamente seguida do possante batelão-altar do SS. Sacramento em cujo bordo se achavam, além dos sacerdotes, diversas pessoas gradas do nosso meio. Seguiam-se inúmeras embarcações com diversas confrarias e muitas famílias. Mais atrás vinha a “Brazileira” comboiando muitas outras canoas e botes. Completavam o cortejo três barcos-motores, canoas a vela, catraias, etc. Ao longo da praia a grande massa popular acompanhava a bizarra procissão fluvial que, ao espocar dos foguetes e ao som da banda Aloysiana que executava alegres marchas a bordo da capitânia, desfilou até as cercanias da Aldeia, dali retornando para recolher à Matriz, onde realizou-se com toda a pompa do ritual a Benção do SS. Sacramento.

Terminando o ato religioso, regorgitante a Praça Monsenhor Gregório, efetuou-se ali um leilão em auxílio das festas. Foi, enfim, uma esplêndida festa, festa de fé e de patriotismo, que há de por muito tempo perdurar na retentiva de todos os católicos brasileiros aqui existentes.

NOTA: Texto publicado no jornal A CIDADE, Santarém, 07 de outubro de 1922.

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