terça-feira, 19 de setembro de 2017

Artigo: Sobre as origens do Sairé...

Por Pe. Sidney Augusto Canto

Na última quinta-feira, dia 14 de setembro, ao ser entrevistado sobre o Sairé, contei uma história que deixou a repórter surpresa por não saber, até então, da origem do Sairé. Alguns estudantes que viram a entrevista, pediram que eu escrevesse sobre esse assunto, para ajuda-los em seus trabalhos.
Pois bem, voltemos no tempo...
No século XVII intensificou-se a presença missionária na Amazônia, principalmente com a vinda de Jesuítas e Franciscanos que, chegados de Portugal, traziam a missão de tornar os indígenas vassalos de sua majestade o Rei de Portugal e seguidores da fé cristã.

Frade franciscano visitando casas de palha na década de 1930

No início da vida da Companhia Ford Industrial do Brasil, os cuidados pastorais dos trabalhadores católicos estavam aos cuidados dos frades franciscanos, em sua maioria alemães. Henry Ford não permitiu construir nenhuma igreja dentro das suas possessões, mas teve que admitir que os padres visitassem os trabalhadores de Fordlândia e, posteriormente de Belterra. Naquela época, apesar do esforço da Companhia em alojar os empregados, alguns ainda viviam em casebres de palha, como os vistos nesta foto. Foto acervo ICBS.


Momento Poético: Meu último beijo.

Por Daniel Rebouças Albuquerque

Quisera dar os meus últimos beijos,
Sem sentir a amargura da dor,
Sem sentir a tristeza d’alma,
Reprimir as delícias do amor.

Quisera ter em meus últimos beijos,
O ardor dos meus beijos de outrora,
Não sentir o amargor do desdém
Nestes beijos gelados de agora. 

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Um depoimento sobre o promotor público de Monte Alegre – 1892

Abaixo publicamos a informação prestada pelo dr. Juiz Substituto da Comarca de Monte Alegre, Climério Jacyntho de Sampaio, sobre os fatos praticados pelo promotor público dessa comarca segundo a cópia que nos foi entregue por um amigo da atual situação, o que significa autenticidade.
Cópia.
Exmo. Dr. Desembargador João H. de Oliveira, DD. Procurador Geral do Estado. Respondendo ao ofício de V. Exa. datado de 9 do p.p. e só hoje recebido de torna-viagem da Capital.

Uma interessante carta sobre a situação política em Óbidos – 1867

Óbidos 10 de fevereiro de 1867.
Escusamos indicar a razão de ser desta missiva, a primeira que enviamos daqui, durante o ano que se desliza.
Ela tem por fim, reatando o fio de nossa correspondência, esculturar com lealdade os fatos mais notáveis e próximos a esta quinzena.
A eleição, que por via de regra, é geralmente o assunto forçado de todas as conversações, nos ocupará de preferência a qualquer outro acontecimento.
Nesta cidade, como em Faro e Juruty, obtivemos o mais completo triunfo no pleito eleitoral e o governo pôde contar com a votação de todo este colégio.

Fordlândia na visão do fotógrafo santareno Apolônio Fona, em 1932.

Apolônio Fona fez diversas incursões pelo rio Tapajós. A convite dos frades franciscanos, chegou a fotografar, inclusive, a Missão Cururu, dos indígenas mundurucus. Uma viagem até então pouco conhecida foi a Fordlândia, onde usou suas lentes e toda a destreza que tinha para capturar várias imagens no ano de 1932. Algumas delas foram publicadas em uma página da revista Vida Doméstica, do qual Apolônio Fona era correspondente, que tinha o sugestivo título de "A obra de Ford" e que aqui reproduzimos.



O desabamento do Cais de Arrimo em Santarém – 1986

Em virtudes das fortes chuvas de verão que caíram sobre a cidade e também da falta de manutenção, cerca de quarenta metros do cais de arrimo da Avenida Tapajós, próximo ao Bar Mascote, veio a desabar durante a madrugada do dia 14 de outubro de 1986, uma terça-feira. Curiosamente, a empresa Estacon estava realizando a recuperação do Cais de Arrimo, em um local próximo de onde aconteceu o desabamento.



Notícias de Faro e Terra Santa em novembro de 1911

No dia 1º (de novembro) terminou a festa do Sagrado Coração de Jesus, que celebrava na matriz da cidade, com grande pompa.
No dia 4, seguiram, em lancha especial para a Vila de Terra Santa os srs. Intendente Municipal, o dr. Juiz de Direito da Comarca, o Diretor do Grupo Escolar e as professoras do mesmo estabelecimento, donas Amalia Lavôr Cotrin e Silva e Rosalinda Cavalcante de Paula, a fim de efetuarem os exames nas escolas municipais da mesma Vila. Ao chegarem deu-se começo aos exames, sendo a bancada do sexo masculino presidida pelo Sr. Intendente e o feminino pelo dr. Juiz de direito.

Um inquérito pitoresco da Comarca de Alenquer

Na correição realizada em cartórios do Baixo Amazonas, a Comissão presidida pelo desembargador Nelson Amorim e integrada pelo perito Cleto Moura e o escrivão Amílcar Leão encontrou alguma coisa pitoresca.
Por exemplo, na Comarca de Alenquer, o Dr. Nelson Amorim teve oportunidade de manusear um inquérito absolutamente inédito. Autuado pela escrivã Onesífora Valente Moreira, do 2º Ofício, o inquérito se referia à ‘’morte de duas bezerras’’ e, na capa do processo, juntamente com o termo de atuação, está a indicação dos réus e das vítimas.

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

O enterro do prefeito Elinaldo Barbosa – 1969

Assassinado dentro do gabinete da Prefeitura Municipal (hoje Centro Cultural João Fona), esta foto registra um momento do enterro do Prefeito Elinaldo Barbosa dos Santos. O assassinato, ocorrido no dia 15 de fevereiro de 1969, colocaria Santarém como Área de Segurança Nacional. Foto do acervo ICBS.


A cerâmica de Santarém em destaque – 1932

Esta publicação na Revista Vida Doméstica, no ano de 1932, mostra parte da avultada cerâmica tapajoara desenterrada no bairro da Aldeia, em Santarém, pelo tenente Annibal Augusto Freire. Boa parte destas peças, assim como muitas outras mais, foram enviadas para fora do município.


quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Uma missa de Dom Tiago Ryan no Seminário São Pio X – 1981

A Capela Maior do Seminário São Pio X, em uma celebração eucarística presidida pelo então Bispo de Santarém, Dom Tiago Ryan, no ano de 1981. Quando entrei para o Seminário, dez anos depois, quase nada havia mudado, exceto a quantidade de seminaristas, pois já não havia mais o curso ginasial (que funcionava em 1981), somente o colegial.


O Sairé no Bairro da Aldeia, em Santarém, no ano de 1932

O desenho aqui apresentado foi feito por Mário de Murtas que, durante uma excursão do Touring Club do Brasil, ao passar pela cidade de Santarém, pode observar um grupo de mulheres dançando o Sairé, que ainda existia no bairro da Aldeia, com seus cantos religiosos tradicionais.


Uma panorâmica de Fordlândia na década de 1930

Uma vista de Fordlândia nos anos de 1930, podendo-se ver duas das ruas principais: A “Boa Vista” com suas características “Casas Grandes” e a “Central”. Podemos ver também alguns dos antigos alojamentos, o Restaurante e parte de algumas das casas comerciais, alguns destes prédios ainda hoje existentes.


Desvendando os segredos do sertão brasileiro – 1928

O Sr. dr. Washinton Luiz, Presidente da República, recebeu o seguinte radiograma precedente de Óbidos:

Cabeceira do rio Caminá [sic], 15 de Novembro.
Tenho a honra de congratular-me com v. Exa. pela comemoração da gloriosa data de 15 de Novembro. Viajamos a 350 quilômetros ao norte de Óbidos, próximo à faixa da fronteira, a qual devemos atingir dentro de uma semana.
Temos encontrado sérias dificuldades no transpor as cachoeiras, uma das quais, a de Paciência, consumiu-nos oito dias de insanos trabalhos.
Alcançamos ontem a boca do Rio São João, o ponto mais alto atingido pela sra. Condreau, viajante que mais próximo chegou da fronteira da Guiana Holandesa, dentro do Brasil.
Viajamos hoje por partes desconhecidas, nunca atingidas pelos portugueses. Gozamos saúde.

O que vai pelo interior – Notícias do Rio Tapajós em 1890

O Tapajós, de Santarém até Itaituba, é pouco habitado. À exceção de Alter do Chão, Boim, Aveiro, Itaituba, Brasília Legal e Urucuriteua [sic], as margens pitorescas deste caudaloso afluente do Amazonas, oferecem o triste aspecto de uma floresta interminável, só de longe em longe interrompida por uma palhoça de paupero aspecto.
E’ que a borracha do alto Tapajós, aniquila a lavoura da zona interior.
A raridade da população traz o inconveniente de serem essas margens o refúgio predileto dos malfeitores do Baixo Amazonas, os quais com toda a segurança, abertamente aí vivem com família, negociando em pleno dia, afrontando a justiça e a moral pública.

A recepção da Comissão dos trabalhos da Estrada de Alenquer – 1892

Da Gazeta de Alenquer”, de sete do corrente, extraímos o seguinte:
A bordo dos paquetes “Lábrea” e “Conde d’Eu”, chegaram à 30 de julho e à 1º de agosto corrente, os membros da Comissão encarregada da abertura da grande estrada, que, partindo desta cidade, deve ir terminar nos Campos Gerais, pondo o nosso litoral em comunicação com essa zona privilegiada.
A hora adiantada da noite em que chegaram esses paquetes não permitiu que, no ato do desembarque do ilustre Sr. Dr. Couto e seus dignos companheiros, lhes fosse feita a demonstração de público apreço, que estava planejada, e que, como fora determinado no programa, ficara adiada para a tarde do dia da chegada do “Conde d’Eu” à 1º.

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Homenagem cívica do Colégio Santa Clara

No antigo Estádio Municipal (Campo São Franciso/ Estádio Aderbal Correa/ Elinaldo Barbosa) um grupo de alunas do Colégio Santa Clara faz sua apresentação cívica em fins da década de 1930 ou início da década de 1940.


Um antigo desfile cívico em Santarém

Alunos de uma escola local fazem a sua homenagem à Pátria, em desfile cívico pela Rua João Pessoa (atual Lameira Bitencourt). Ao fundo o prédio onde funcionava a Loja Castelo e o Hotel Mocorongo, cujas janelas serviam de “camarote”. Foto da década de 1950.


Grupo de alunos do Grupo Escolar de Santarém

Em desfile cívico pela Avenida Adriano Pimentel (possivelmente na década de 1950), um pelotão do Grupo Escolar de Santarém (hoje Escola Frei Ambrósio) apresenta sua homenagem pela independência da Nação.


quarta-feira, 6 de setembro de 2017

A Avenida Barão do Rio Branco em dia de desfile

Esta fotografia publicada em 1972 mostra o intervalo entre os desfiles cívicos que aconteciam na Avenida Barão do Rio Branco.


Um desfile cívico de alunas de Alenquer

Um grupo de alunas da cidade de Alenquer em desfile cívico pelas ruas da cidade na década de 1970. Foto cedida ao blog pelo amigo Luiz Potyguara.


O Bar Mascote, em Santarém no ano de 1948

O mais antigo bar em funcionamento na cidade tinha esse aspecto por ocasião do ano comemorativo de 1948. Não havia ainda a Praça do Pescador e a Avenida Tapajós, fazendo com que o principal acesso fosse pela Rua João Pessoa (antiga Rua do Comércio).



O Primeiro Museu de Santarém – 1876

Em um artigo do jornal Dezenove de Dezembro, publicado em 14 de maio de 1886, vemos a nota que aqui publicamos sobre a existência do primeiro museu da cidade de Santarém. Uma iniciativa da antiga Sociedade Etnográfica Santarense, foi fundado em 1876.


Os festejos do “Sete de Setembro” em Santarém no ano de 1931

Por iniciativa do digníssimo Prefeito Municipal, sr. Ildefonso Almeida, a data de hoje, sete de setembro, que assinala o 109º aniversário de nossa independência política, será condignamente comemorativa em Santarém.
Aliás, desde ontem, domingo, que a nossa população se entrega às mais sinceras e entusiásticas demonstrações de regozijo pela passagem da nossa maior data nacional.

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

A grande queimada das casas de Fordlândia – 1932

No início da empreitada de Henry Ford, foram construídas diversas “casas de palha”, onde moravam os primeiros trabalhadores da Companhia Ford. Em 1932, já estabelecida novas construções para os operários, as casas ainda eram usadas por algumas pessoas. O Interventor do Pará, Magalhães Barata, mandou então atear fogo nas cerca de 300 casas de palha que ainda existiam em Fordlândia, alegando que elas eram um antro de “Comunistas”, “Bêbados” e “Cafetões”. Na charge, publicada no Rio de Janeiro, Lampião (o cangaceiro) elogia a atitude do Barata.


O Ministro do Trabalho em Fordlândia – 1931

Cena da visita do Ministro do Trabalho, Lindolfo Collor, a uma das casas (galpões) comerciais de Fordlândia, no ano de 1931. Ao seu lado, em uniforme militar, o Interventor do Pará, Magalhães Barata.


Desfile das alunas do Santa Clara em Santarém

Semana da pátria em Santarém, na década de 1950. Alunas do Colégio Santa Clara, em uniforme padrão daquele educandário, desfilam, sob o olhar atento das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição, na praça da igreja de São Sebastião.


Desfile do Colégio Dom Amando em Santarém

Semana da pátria em Santarém, na década de 1950. Com sua farda de gala, o então Ginásio Dom Amando (hoje Colégio) percorria o desfile cívico, na rua do comércio local.


Desfile de grupo de escoteiros em Alenquer

Semana da Pátria em Alenquer na década de 1970. O grupo de escoteiros local abrilhantava o desfile cívico com este pelotão. Fotografia cedida ao blog pelo amigo Luiz Potyguara.


domingo, 3 de setembro de 2017

A contrapropaganda da Companhia Ford na Amazônia – 1928

Nem todos viam o sonho do magnata norte-americano Henry Ford com bons olhos. Em algumas cidades da Amazônia, como Juruá, faziam contrapropaganda para evitar o êxodo de trabalhadores para Fordlândia, como podemos ver neste panfleto editado pela Associação Comercial do Alto Juruá, em 1928.


Um fragrante de Cândido Rondon entre os Tiriós

Durante sua expedição pelo rio Trombetas e pelos Campos Gerais do norte do Brasil, o general Cândido Rondon encontrou-se com diversas tribos indígenas de nossa região, entre as quais os Tiriós, aos quais ofereceu diversos presentes. Foi este momento registrado nesta fotografia da década de 1920.


Sobre a vida esportiva em Santarém – 1933

Parece que o nosso esporte tende, agora, a se normalizar, vencendo, assim, a apatia em que temos vivido estes últimos meses. E a prova tivemo-la domingo último, 23 de julho expirante, com os encontros realizados entre as primeiras e segundas turmas do “São Francisco Sport Club” e “Independência Futebol Club”.
O estádio do azulino, à tarde daquele dia, regurgitou de espectadores que ali foram assistir aos dois embates que decorreram renhidos e na mais louvável cordialidade.

O racionamento de carne em Santarém – 1948

Abaixo publicamos uma interessante Portaria Municipal, publicada no ano do centenário de elevação de Santarém à categoria de Cidade, que reflete os sinais da falta de carne de gado para alimentar a população tapajônica:

Edital sobre um leilão de gado em Oriximiná – 1960

Ministério da Agricultura
Estabelecimento Rural do Tapajós

Edital Público para leilão de animais das raças “NELORE”, meio sangue “SINDHY-JERSEY” e “GUZERÁ”, na cidade de Oriximiná, Estado do Pará.
1. O Estabelecimento Rural do Tapajós, faz público para conhecimento dos interessados que será realizado no dia 14 de fevereiro do corrente ano, na cidade de Oriximiná, no Estado do Pará, leilão público para venda, aos senhores criadores dos animais abaixo relacionados:

sábado, 2 de setembro de 2017

Artigo: O Teatro em Óbidos

Por Eduardo Dias

A Cidade de Óbidos localizada no baixo amazonas, tem muita coisa dos seus primórdios ainda por serem decifrados. Sua história começa por volta de 1697, com a construção do Forte Santo Antônio dos Pauxis. Mas durante a ocupação do vale, entre a cruz e a espada, ressaltamos que um fato muito importante foi a inauguração do Seminário São Luiz Gonzaga em 1848, fundado pelo nono Bispo do Pará, D. José Afonso Moraes Torres, cujo sustento recebeu ajuda popular e uma contribuição da Fazenda Provincial. Nesse educandário  estudou o Padre José Nicolino, o desembargador Romualdo Paes de Andrade, entre outros, pois foi o primeiro educandário criado na região.

Uma descrição sobre o Sairé...


No Baixo Amazonas, por exemplo, havia antigamente uma cerimônia de caráter católico-tapuia que, no seu singular hibridismo, era das mais típicas da Mesopotâmia. Era o sairé – procissão coreográfica que celebrava o nascimento de Jesus. Para figurar nessa procissão, que é ao mesmo tempo uma dança selvagem, os caboclos fazem um instrumento típico: um grande semicírculo de cipó, fechado na parte interior. Dentro deste meio círculo há mais nove semicírculos. O primeiro semicírculo é cortado desde o meio, no alto, até a linha que o fecha, por uma vara que termina em cima por uma cruz, o mesmo sucedendo com os outros, que assim se dividem em quadrantes. Toda a madeira que forma este instrumento é envolta em algodão, preso por fitas encarnadas, que nela se enrolam. Enfeitam-no ainda pequenos ramalhetes de flores e espelhinhos redondos. É isto o “sairé”.

A grande enchente no Baixo Amazonas em 1976

Em dramática e desesperadora situação estão vivendo milhares de pessoas residentes às margens dos inúmeros cursos d’água que cortam toda a área do Baixo Amazonas, já agora transformada, muito embora faltando ainda cerca de um mês para o término da estação das chuvas, num gigantesco lago natural.
Sobrevivendo a esse verdadeiro martírio estão as populações ribeirinhas de Santarém, Alenquer, Óbidos, Oriximiná, Monte Alegre, Prainha, Juruti e outros, onde a violência das águas do Amazonas e seus afluentes, subindo de maneira fora do normal, neutraliza todas as ações preventivas colocadas em prática pelos organismos oficiais e surpreendendo os próprios caboclos, profundos conhecedores dos mistérios que influem no comportamento das águas, elemento marcante da própria natureza amazônica e, particularmente, desta região.

Vida Teatral: Troupe Andrade Campos – 1925

Domingo último foi exibida em “primiérè” a revista “Eu quero casá” de autoria do autor Paiva Lima, montada especialmente para ser estreada em Santarém.
Os constantes aplausos de que foram alvo os interpretes de diversos papéis, que viram bisados alguns números, são a prova de que a revista de Paiva Lima agradou.
***
Sob o patrocínio dos senhores doutores Alarico Barata e Borges Leal e do capitão Alfredo Câmara, a simpatizada atriz Georgina Lima efetuou anteontem, quinta-feira, a sua festa artística.

Sobre uma contenda entre Santarém e Alenquer – 1925

Da diretoria do “União Sportiva”, de Alenquer, recebeu o sr. Hito Braga, da Delegação Santarense, um ofício capeando dois papeluchos fescenninos [sic] que daqui foram enviados àquela agremiação, a propósito do embate de futebol verificado a 18 de janeiro deste ano entre o Scratch de Santarém e a turma principal do União.
Tivemos oportunidade de ver os referidos pasquins e não podemos deixar de revoltar-nos em face de tamanha infâmia, cujo responsável não se pode ainda saber quem seja.

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Artigo: Curiosidades sobre a palavra SAIRÉ

Pe. Sidney Augusto Canto

Ano passado, ao escrever o texto, “O homem que colocou o “Ç” no Sairé”, fui bombardeado de elogios e críticas. Bem, para responder a uma delas, fui atrás e pesquisei sobre esta palavra que, hoje, em nossa região, remete a uma tradição cultural que remonta ao período da catequese dos indígenas. Mas, você sabia que, no decorrer da história, esta palavra teve outros empregos e significados? Vejamos aqui alguns dos mais curiosos:

A valiosa descoberta da cerâmica tapajoara por Curt Nimuendajú


Cerâmicas indígenas encontradas na cidade de Santarém e enviadas para o Museu de Goteborgs, na Suécia, são consideradas preciosas relíquias e confirmam as afinidades, até então não comprovadas, da cultura dos primitivos habitantes da América Central com a dos povoadores indígenas da Amazônia.
Uma cidade paraense, Santarém, acaba de fornecer um valiosíssimo contingente para as investigações cientificas sobre as relações de cultura dos primitivos povos da América Central com os indígenas da Amazônia. As pesquisas a este respeito datam de muito tempo, estando nelas empenhadas sábios europeus, entre os quais o maio etnólogo dos que se tem especializado sobre os primitivos habitantes da América do Sul, Esland Nordenchiald, diretor do Museu de Goteborgs, na Suécia. Sábios de vários países admitiam aquela hipótese, que passou a ser agora uma realidade pelos estudos feitos a respeito das cerâmicas encontradas na cidade tapajônica.

Mapa estatístico dos escravos no Baixo Amazonas – 1872/73

O quadro abaixo mostra a estatística dos escravos na região do Baixo Amazonas e Tapajós, feita entre os anos de 1872 e 1873, em seis estações fiscais. Além do número total de escravos, pode-se ver a distribuição por sexo, estado civil, idade, profissão e local de residência. O quadro foi feito pelo Ministério de Negócios do Império no ano de 1875.


Sobre a Aldeia dos Boraris – Hoje Alter do Chão


Dias atrás participei de um caloroso debate sobre a existência ou não dos indígenas Boraris. Fiquei devendo a alguns amigos e amigas, uma informação histórica sobre a existência dos mesmos indígenas. Encontrei uma descrição do botânico João Barbosa Rodrigues que partilho agora no blog: 

Artigo: Por que o Estado do Tapajós?

Por Benedicto Monteiro (*)

Por que quero dividir o meu estado, o estado do Pará? Por que quero criar um novo estado, o estado do Tapajós?
Porque não concordo com a divisão territorial da Amazônia. Não só por razões de ordem geopolítica, mas também, e sobretudo, porque essa é a única forma que encontrei de atender o povo que mora e trabalha em Alenquer, Santarém, Faro, Juriti, Monte Alegre, Óbidos, Oriximiná, Aveiro, Itaituba, Almeirim e Prainha, que formam a microrregião do Baixo Amazonas no oeste do estado do Pará. Embora seja chamada de microrregião, quero dizer que esta denominação é um puro eufemismo, porque os 11 municípios que formam essa área compõem um território de 529.742km², que é maior que quase todos os estados brasileiros. Maior que todos os estados do Nordeste, todos os estados do Sul e todos os estados do Centro-Sul. Só não é maior que os estados do Pará, do Amazonas e do Mato Grosso.

Sobre a história da eletricidade em Santarém – 1953

Inaugurado o primeiro motor de luz.
Procedida a benção do grupo elétrico pelo Arcebispo Dom Mário de Miranda Vilas Boas – Discursos do prefeito Santino Sirotheau Correa e do coronel Mário Imbiriba – As autoridades presentes.
No dia 24 de outubro, data em que comemoramos a passagem do 105º aniversário da elevação de Santarém a categoria de cidade, o prefeito Santino Sirotheau Correa fez inaugurar o possante grupo Diesel HMG, o primeiro dos adquiridos para a reforma do sistema de iluminação pública da sede do município.

O torneio esportivo do Sete de Setembro de 1931

Além do UNIÃO SPORT CLUB de Boa Vista (Fordlândia), que vem disputar um match com o SÃO FRANCISCO, desta cidade (Santarém), na tarde de Sete de Setembro próximo, sabemos que virá também um prestado “onze” do ALLIANÇA, também da Fordlândia, jogar no mesmo dia, ou a 6, contra o INDEPENDÊNCIA FOOT BALL TIME, poderoso conjunto organizado com fortes elementos pebolísticos locais.

Momento Poético: Ao nascer do luar

Por Raymundo Peres

Alta noite vagueio qual fantasma errante
Nas ruas de Alenquer em letargo sombrio,
Até que surja o sol, em pompas, no levante
Glorificando a terra, iluminando o rio.

Como um seio de virgem alvo e palpitante
Derramando o lençol do luar alvadio,
Surge a deusa da noite ao longe triunfante,
Dominando a extensão do caminho vazio...

Instruções para abertura de estrada de Alenquer aos Campos Gerais – 1892

INSTRUÇÕES PELAS QUAIS SE DEVERÁ REGER
A COMISSÃO INCUMBIDA DA ABERTURA DE UMA
ESTRADA DE ALENQUER AOS CAMPOS GERAIS DA GUYANA

Art. 1º. Chegando à localidade a que se destina, entender-se-á o chefe da comissão com o intendente municipal e o coletor estadual, solicitando os auxílios de que carecer para o desempenho dos seus trabalhos.
Art. 2º. Antes de dar começo aos respectivos trabalhos, deverá o chefe da comissão anuncia-los por editais que serão afixados nos pontos principais da localidade e publicados pela imprensa do município.

Setembro na História do Baixo Amazonas e Tapajós


01 – Inauguração da nova quadra de esportes do Colégio Rodrigues dos Santos. Na ocasião foi realizado um torneio de futebol de salão em disputa pelo troféu “Professora Sofia Imbiriba”, que foi vencido pela equipe do Curso Técnico de Contabilidade (1968).
02 – Como parte da programação esportiva da semana da Pátria (150 anos da Independência) a equipe esportiva do São Raimundo de Manaus (conhecida como “Tufão da Colina”) em visita a Santarém realiza duas partidas: sendo que na preliminar perdeu para o São Francisco (Leão Azul de Santarém) por 1X0 e na principal venceu o São Raimundo (Pantera Negra) por 2X0 (1972).
03 – Falece, deportado e preso em São Julião, Portugal, o Padre Joaquim de Carvalho, jesuíta que foi autor dos famosos dísticos em latim que ornavam a residência dos padres jesuítas de Santarém (1767).
04 – É fundada, em Santarém, a Filarmônica Municipal Professor José Agostinho, com a reunião de diversos músicos remanescentes das bandas de outrora. Durante muitos anos a referida Banda Musical ficou sob a batuta do Maestro Wilde Dias da Fonseca, de saudosa memória (1963).
05 – Mons. Frederico Costa inicia a sua mais longa viagem pastoral: Amapá (com as ilhas), Cunani, Bailique, Ferreira Gomes (rio Araguari), Burituzal (ilha de Curuá), Macapá, Mazagão (onde celebrou a passagem de “Ano Novo”), Almeirim, Arrayollos, Ezposende (de onde seguiu para Belém) e finalmente Prainha (1905).
06 – Falece no Rio de Janeiro o escritor obidense Inglês de Sousa. O “Apóstolo da Energia”, foi membro fundador da Academia Brasileira, professor de Direito Comercial e autor do romance “O Missionário”, entre outros (1918).
07 – Nasce o músico e compositor santareno Raimundo Alves Pereira, popularmente conhecido como Raimundo Fona. Foi membro integrante de diversas bandas musicais da cidade na primeira metade do século XX (1893).
08 – É inaugurada a nova capela da Missão Cururu, dos índios Mundurucus. Foi construída por frei Rogério Voges, OFM. A referida capela passou a possuir os sinos da extinta Missão de Bacabal, fundada em 1872 pelos capuchinhos, e desativada anos depois (1931).
09 – Os alunos do Colégio Rodrigues dos Santos, realizam, no auditório da Rádio Rural de Santarém, com entrada franca, a peça teatral denominada “Amor à Liberdade” sobre a vida e a luta de Castro Alves pela abolição da escravatura no Brasil (1972).
10 – Foi nomeado tenente coronel Comandante do 1º Batalhão de Infantaria da Guarda Nacional do Comando Superior dos municípios de Santarém, Alenquer Óbidos e Faro, na Província do Pará, o sr. Joaquim Rodrigues dos Santos (1852).
11 – Fundação, em Santarém, da Escola Particular Mista “Jesus, Maria e José”, que funcionava à travessa dos Mártires, sob a direção e regência da professora Delfina de Jesus Amorim que, em companhia de sua irmã, durante quase meio século, empregou suas atividades em prol da instrução primária (1906).
12 – O Ministério da Justiça do Império do Brasil emite aviso ao Presidente da Província do Pará, comunicando-lhe a licença remunerada de seis meses ao pároco da freguesia da Vila de Santarém, padre Raimundo Antônio Fernandes (1846).
13 – Na vila de Santarém os sentimentos exaltados por conta da abdicação do Imperador e pelos recentes fatos acontecidos na capital, revela uma exaltação de ânimos. Neste dia o major João Batista da Silva, a quem estava confiado o comando militar, soube do ajuntamento de povo nas campinas, próximas da Vila de Santarém, que teriam por objetivo assaltar e tomar o quartel de armas. Existia, segundo consta, a desconfiança de que o dito comandante iria excluir os brasileiros natos do destacamento militar da Vila. O Juiz de Paz de Santarém, Agostinho Pedro Auzier, foi ao encontro dos amotinados e conseguiu dissolver o acampamento, fazendo com que os mesmos voltassem aos seus lares (1831).
14 – Abertura de Comunicação Comercial entre o Distrito de Cuiabá e a Cidade do Pará (Belém) por meio da navegação dos rios Arinos e Tapajós. Em 1812, os capitães Miguel João de Castro e Antônio Thomé de França haviam recebido do Governador Geral do Mato Grosso a incumbência de abrir a navegação comercial entre o Pará e o Mato Grosso utilizando como meio de comunicação os rios Arinos e Tapajós. A expedição começou no dia 14 de setembro de 1812, contando inicialmente com uma canoa grande e sete batelões em que embarcaram 72 pessoas, sendo 8 brancas (entre patrões e passageiros) 57 camaradas de serviço e 7 escravos (1812).
15 – Inauguração da Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e das “Capelas da Via Sacra” em Vila Socorro, região do Lago Grande, construídas pela iniciativa de Frei Ambrosio Philipsenburg. Das capelas originais, apenas a Igreja e uma das capelas da “Via Sacra” ainda estão de pé. Essas obras de Frei Ambrósio são desconhecidas da maioria dos santarenos (1935).
16 – Chega a Santarém o navio “Lake Ormoc”, trazendo à reboque uma outra embarcação, o “Lake Farge”, sendo ambas as embarcações saudadas por autoridades municipais que deram boas-vindas ao comandante e demais oficiais do comboio marítimo. Por um erro de logística, ambos os navios não puderam prosseguir viagem até Boa Vista (Fordlândia), que era o destino de ambos, permanecendo em Santarém até a subida do rio Tapajós, em dezembro (1928).
17 – Há 150 anos... Chegam a Santarém, a bordo no navio a vapor “INCA”, os primeiros confederados norte-americanos que vinham estabelecer colônia nas imediações da cidade de Santarém: Diamantino, Mararu e Ipanema (1867).
18 – Falece nos Estados Unidos, vítima de acidente automobilístico, Frei Dr. Lucas Tupper, OFM, fundador da Clínica Esperança. Após sua morte seu trabalho vem sido mantido pela Fundação Esperança, que além da Clínica, também atua como mantenedora do Instituto Esperança de Ensino Superior – IESPES (1978).
19 – Chegam a Santarém, por volta do meio dia, os naturalistas Carlos Frederico Felipe “Von Martius” e João Batista “Von Spix”. Ficariam na Vila até partirem, no dia 23 do mesmo mês (1819).
20 – Dom Amando Bahlmann, OFM, cria a paróquia do Sagrado Coração de Jesus com sede em Altamira. A Paróquia se desenvolveu tão rapidamente, que 23 anos depois seria elevada à categoria de sede Prelatícia, tendo sido o próprio Dom Amando nomeado como seu primeiro Administrador Apostólico (1911).
21 – Por meio do Decreto Nº 84.018 é criada a Reserva Biológica do Rio Trombetas, no Estado do Pará, com área estimada de 385 mil hectares, situada no município de Oriximiná (1979).
22 – O sr. Giuseppe Mileo é nomeado agente consular da Itália para a cidade de Óbidos, PA. A agência consular era diretamente subordinada ao Consulado Italiano, com sede em Belém (1930).
23 – Por decreto do Prefeito Municipal de Santarém, Mário Freitas Guimarães, fica proibida a exportação de qualquer tipo de farinha de mandioca, a fim de evitar tanto o encarecimento como a falta deste produto na mesa dos santarenos (1942).
24 – Neste dia é novamente reinaugurada a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, em Santarém, após a mesma passar por uma reforma interna, sob os cuidados do pároco de então, Monsenhor José Gregório Coelho. Foi nesta intervenção que o Crucificado doado por “Von Martius” ganhou lugar no templo, em um dos altares laterais (1881).
25 – A bordo do Navio “Imperatriz Teresa” parte de Belém, rumo a Santarém, Mons. Frederico Costa que viria tomar posse como “Primeiro Prelado de Santarém”. O mesmo vem acompanhado de Padre Augusto Julio da Cunha Azevedo, que nomeara como Secretário da Prelazia e dos Padres Seculares Vitor Perron, José Tito e Ulysses Montesano além de dois padres Agostinianos: Frei Tagero e Frei Gregório Assim (1904).
26 – É apresentado ao Tribunal do Santo Ofício o santareno (natural da antiga aldeia do Tapajós) Manuel de Oliveira Pantoja que então contava com 43 anos de idade, viúvo, e morava na Cidade do Pará (Belém) onde exercia as atividades de rendeiro e proprietário de fazenda. Foi acusado de desrespeitar o sacramento do Matrimônio, desrespeitar a autoridade Sacerdotal e de cometer sacrilégio (1763).
27 – Chega ao lugar “Piquiatuba” (no texto original Paquiatuba), no rio Tapajós (onde recentemente encalhou uma baleia) o cientista e naturalista Henry Walter Bates. Vejamos o que ele fala do lugar: “Havia cerca de trinta famílias morando no lugar, mas a maioria dos homens válidos tinham sido convocados pelo governo, nas semanas anteriores, a fim de participarem de uma expedição militar contra negros fugidos, os quais se haviam refugiado em povoados do interior” (1852).
28 – Na cidade de Óbidos, uma comissão composta pelos senhores: Manuel Francisco Machado, Antônio de O. de Almeida, Lauro Sodré e Lourenço Valente, conseguiram apresentar, neste dia, 24 cartas de liberdade para escravos daquela comarca (1887).
29 – Monsenhor Frederico Benício de Sousa Costa toma posse como primeiro Prelado de Santarém e instala oficialmente a Prelazia. Devido ao atraso do navio “Imperatriz Teresa” a posse do Prelado aconteceu às 22h30, fazendo o discurso de saudação por ocasião da posse e instalação da Prelazia o Cônego Irineu Modesto Rebouças (1904).
30 – Em resposta a um pedido da Câmara de Santarém, o governador da Província do Pará, Manoel Paranhos da Silva Vellozo, nega a construção e instalação de um “Hospício” (que hoje chamamos de hospital), devendo o mesmo ser construído na Barra do Rio Negro, hoje Manaus (1844).