A história
registra hoje o adeus a Edenmar da Costa Machado, popularmente conhecido como “Machadinho”.
Em 1942, ainda
estudante do Colégio do Carmo, em Belém, foi convidado a vir para Santarém,
compor o quadro de primeiros alunos do novo Ginásio Dom Amando (hoje Colégio
Dom Amando).
Foi, como aluno
do Ginásio, que Machadinho apresentou, pela primeira vez, durante as
comemorações da semana da pátria de 1943, a sua voz ao público santareno,
quando cantou a canção cívica “Gigante Altaneiro”, de autoria do compositor
paraense Abibe Bechara. O local de revelação do artista: o palco do Teatro
Vitória. Santarém conhecia assim a “voz de ouro”, que lhe encantaria por
décadas seguintes, até ser emudecida pela doença, anos depois.
Machadinho era
presença frequente em apresentações líteros-musicais, mas também era boêmio e,
juntamente com diversos outros músicos, era presença certa em serestas
tapajônicas.
Grande destaque
teve sua voz na “Semana de Santarém”, realizada em 1972, no palco do Teatro da
Paz, em Belém. Músicas como “Seresta do Amor” (autoria de Laudelino Silva), “Perfume”
e “Um poema de Amor” (de autoria de Wilson Fonseca), “Triunfal Consagração” (de
Emir Bemerguy) ecoaram pelo teatro paraense na “voz de ouro” do Machadinho.
Era franciscano
de coração, não somente por conta de sua devoção ao santo padroeiro de Assis,
como também por conta do seu amor pelo time do São Francisco Futebol Clube.
Sua vida de fé foi
marcada por dois importantes fatos: sua participação no Cursilho de Cristandade
e o fato de ter sido convidado, por Frei Vianney Miller para coordenar o Círio
da Padroeira de Santarém: Nossa Senhora da Conceição.
Foi nessa função
que conheci o “Machadinho”. Uma função que desempenhou com dedicação e amor
desde o início até o fim, por quarenta anos, até “passar o apito” para o
Gilberto Dinelly.
Ultimamente tive
a honra de poder acompanha-lo em algumas pesquisas que fiz para reconstituir a
memória da Festa de Nossa Senhora da Conceição. O músico (tocava violão), cantor,
futebolista e homem de fé também era um homem de história. Me mostrou seu
arquivo, do qual pude fazer uma cópia parcial. Entre os diversos documentos que
me cedeu, e já encerrando esta pequena homenagem, transcrevo aqui o trecho de
uma carta escrita em Belém, PA, em 28 de outubro de 1972, por José Geraldo
Rodrigues:
Meu caro colega Edenmar da Costa
Machado, ainda existem homens que vivem para a família. Respeitam o Ser
Superior, que nos domina, DEUS. Adoram a Arte. Curvam-se diante do que é belo,
a Música, o Amor, a Fé!
Você,
mocorongo-velho-de-quatro-costados, plagiou filosoficamente, os sentimentos
sadios e construtivos do nosso inesquecível poeta Olavo dos Guimarães Bilac. “CRIANÇA,
AMA COM FÉ E ORGULHO A TERRA EM QUE NASCESTE”. Você ama Santarém. Bonito. Lindo,
de morrer. Para mim, Machado, você é um Homem Bom. Digno da admiração e
respeito dos seus conterrâneos, colegas e amigos. Possuidor de uma humildade
quase franciscana.
Que a voz de
ouro faça parte dos coros celestiais. Descanse em paz!
Santarém, 09 de
abril de 2019.
Padre Sidney
Canto
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