quinta-feira, 1 de novembro de 2018

TOME NOTA!


Pois é, meu ingênuo e bisonho Salustio, vou transmitir-te um segredo das selvas: o ouro que nossos garimpos exportam foi o que escorreu dos flancos dos morros e serras através dos milênios; o grosso do ouro ainda está intacto no ventre da terra.
Toma nota!
O Pactole, meu caboclo, não é lenda para nós: um tuxaua contou-me existir no Tapajós igarapés cujo leito está repleto de pedrinhas todas facetadas e brilhantes.
E não é só ouro e diamantes que o solo teu encerra, há muito e muito mais...

E se te lançares ao cacau que já foi nosso, ao trigo que tu sabes bem que dá; aos búfalos, ao Guzerath, aos Gyr que tanto valem, calcula o que seria.
Tornamos a proclamar-te que não haverá no mundo quem possa avaliar a riqueza portentosa da Amazônia.
Quanto à nossa querida Urbs (Santarém) – A futura capital da Tapajônia – não te dê cuidado – Deus proverá que a sua sorte seja bonita como uma sonata de Kreutzer!

NOTA: Publicado no Jornal de Santarém de 25 de novembro de 1967. Assinado por “Rodrigues dos Santos” (possivelmente Gabriel Rodrigues dos Santos e não mestre “Paulo” que, à época também escrevia textos para o mesmo jornal, mas usando o pseudônimo de “João do Garimpo”).

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