Pois é, meu
ingênuo e bisonho Salustio, vou transmitir-te um segredo das selvas: o ouro que
nossos garimpos exportam foi o que escorreu dos flancos dos morros e serras
através dos milênios; o grosso do ouro ainda está intacto no ventre da terra.
Toma nota!
O Pactole, meu
caboclo, não é lenda para nós: um tuxaua contou-me existir no Tapajós igarapés
cujo leito está repleto de pedrinhas todas facetadas e brilhantes.
E não é só ouro
e diamantes que o solo teu encerra, há muito e muito mais...
E se te lançares
ao cacau que já foi nosso, ao trigo que tu sabes bem que dá; aos búfalos, ao
Guzerath, aos Gyr que tanto valem, calcula o que seria.
Tornamos a
proclamar-te que não haverá no mundo quem possa avaliar a riqueza portentosa da
Amazônia.
Quanto à nossa querida
Urbs (Santarém) – A futura capital da Tapajônia – não te dê cuidado – Deus proverá
que a sua sorte seja bonita como uma sonata de Kreutzer!
NOTA: Publicado
no Jornal de Santarém de 25 de novembro de 1967. Assinado por “Rodrigues dos
Santos” (possivelmente Gabriel Rodrigues dos Santos e não mestre “Paulo” que, à
época também escrevia textos para o mesmo jornal, mas usando o pseudônimo de “João
do Garimpo”).
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