terça-feira, 1 de outubro de 2019

O Barão obidense...


Corria o ano de 1838... A província do Grão-Pará vivia o tempo da repressão contra a revolta dos cabanos. No dia 10 de novembro a então Vila de Óbidos via nascer Manuel Francisco Machado, que viria a ser o único nobre do Império Brasileiro nascido em terras pauxis.

Seus pais tiveram condições de bancar seus estudos em Portugal. Foi assim que conseguiu se tornar bacharel em Direito e receber o título de Doutor pela Universidade de Coimbra, em 06 de julho de 1869. Voltando para o Brasil, trabalhou como advogado e embrenhou-se pelos caminhos da política, exercendo sua influência para a Província do Amazonas, assumindo a Presidência da mesma no apagar das luzes do Império. 

Foi na condição de Presidente da Província do Amazonas que o ilustre obidense recebeu o título de Barão do Solimões. O “último barão do Império” também foi agraciado por sua majestade o imperador com as comendas da Ordem da Rosa e da Ordem de Cristo. Na função de presidente da Província do Amazonas, procurou fazer a transição de governo do Império para a República com a maior tranquilidade possível, conforme nota publicada no jornal “O Liberal do Pará” de 28 de novembro de 1889:

O honrado sr. Barão do Solimões declarou que pertencendo a uma escola política que o acostumara a respeitar as deliberações do povo, não se opunha a que um governo legal e bem constituído assumisse a administração da Província, pois que desejava do meio de todas as ruínas sair com o seu caráter ileso.

No alvorecer da República foi eleito Senador pelo Estado do Amazonas e participou dos trabalhos da primeira Constituição da República. Chegou a concorrer para o governo do Amazonas, mas não chegou a ganhar. Afastando-se da política voltou para sua terra natal onde passou os últimos dias da sua vida, morrendo em 18 de agosto de 1928, às vésperas de seus noventa anos de idade. Assim se expressou a nota fúnebre de um jornal da capital do Amazonas:

Homem de letras, latinista provecto, jornalista, a atuação do eminente extinto na vida política desta terra foi das mais brilhantes e operosas.
Perde, assim, a nossa pátria no Barão de Solimões um dos mais insignes filhos, figura histórica e respeitável que tanto lustre deu ao nome do Amazonas nas diversas posições que ocupou durante a sua longa e honrada vida política.
Sentimentamos a família do ilustre extinto e, particularmente, ao nosso mestre dr. Armando Barbuda, catedrático de Direito Penal e genro do preclaro finado, e a seu neto, nosso colega, acadêmico Manuel Machado Barbuda.

NOTA: Fonte documental utilizada – Jornal O Academico, 1928, ed. 015.

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