sábado, 14 de setembro de 2019

O Sairé na visão de Abguar Bastos


O Sairé está praticamente desaparecido. Era composto de uma procissão dançada, que tinha por emblema um artefato de cipó, com três arcos superpostos apoiados numa haste horizontal. Uma outra vara sustentava o objeto, dividindo, em sentido vertical, os três arcos paralelos. Trazia uma cruz ao alto com duas outras laterais. O objeto era enfeitado de algodão e fitas, algumas vezes com um pequeno espelho. Não se tratava de um emblema estereotipado pois sofria pequenas modificações em sua estrutura, conforme as vilas ou povoados onde tais procissões se realizavam.

O Sairé seria uma dança-desfile indígena que foi modificada por inspiração dos catequistas. Entretanto, não são encontrados documentos na Amazônia que identifiquem de maneira próxima este tido de dança com algum folguedo ou ritual indígena.
Primitivamente, o Sairé, com o nome de Turiúa, tinha o seu ritmo de ginga marcado por flautas de uma peça ou as de tipo sirinx (flauta de Pan) com várias tabocas unidas a formar um só instrumento, sem faltar o tamborim. Se Turiúa quer dizer alegria, Caieré (como o quer Teodoro Sampaio) seria corda encurvada, enquanto o termo Çairé, em tupi, quer dizer lua nova.

NOTA: Texto extraído do artigo: “FOLCLORE NA AMAZÔNIA: DANÇAS URBANAS, RURAIS E INDÍGENAS”, publicado nos Anais da Biblioteca Nacional, edição 101. Rio de Janeiro: 1981.

Nenhum comentário:

Postar um comentário