Por Pe. Sidney Augusto Canto
Fundada em 1910, a Congregação
das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição logo adotou o carisma
educacional, um campo em que a cidade de Santarém estava muito necessitada,
principalmente no atendimento às crianças pobres e órfãs.
Contudo, com o crescimento do
número de religiosas e também das crianças atendidas pelo "Orfanato Santa
Clara", o Bispo Dom Amando Bahlmann, OFM e Madre Maria Imaculada de Jesus,
decidiram partir para uma nova empreitada, conforme nos revela um cronista da
época:
Até
o presente ano (1919) não existia para as irmãs e suas empresas nenhuma base
financeira nem econômica. Viviam elas e as órfãs de esmolas, as vezes mui
generosas, mas por sua natureza incertas, que as irmãs e o próprio Prelado
pediam nas capitais do Brasil e no Estrangeiro. Resolveu pois o Padre
Comissário, Frei Plácido Tölle, a quem o Prelado confiara desde 16 de julho de
1915 toda a direção das irmãs, de acordo com o Vigário Geral, Frei Inácio
Buntgen, pedir ao Governo Estadual concessão de um pedaço de terra devoluta, ao
sul de Santarém, medindo três quilômetros de frente e três de fundo. Tem esta
colônia terra própria para a lavoura, mas tem dois inconvenientes, o de não ter
água corrente nem açude, e o de distar de Santarém 23 quilômetros.
O Governo despachou favoravelmente,
ofertando o terreno com três quilômetros quadrados (3X1 Km), mas com uma
condição: as Irmãs serão as detentoras perpétuas do terreno, não podendo
vendê-lo ou cedê-lo a terceiros. Caso as Irmãs desistam da posse o terreno
voltará ao Estado do Pará.
Em setembro de 1919 vieram para
o local onde hoje é o São José, duas irmãs e seis crianças ófãs, que, de início
moravam numa casa de madeira, coberta de palha, cercada por 25 bananeiras. Mas
não demorou muito para que fosse construído o prédio do convento, que serviria
de residência para as Irmãs, já na década seguinte, com a ajuda financeira
vinda dos Estados Unidos, foi construído um novo prédio, em alvenaria, onde
funcionaria a Escola, o Orfanato e a residência das Irmãs.
A Escola São José começou a funcionar
no dia 10 de Outubro de 1919, contando naquele ano com a matrílcula de 78
alunos, a maioria provenientes de colônias próximas como Cipoal, Boa Fé, Terra
Preta, entre outras. Em 1920, passado o inverno, o irmão professo Frei
Bonifácio Budde, OFM, marceneiro de profissão, veio para o São José com a
missão de construir o poço, tarefa inglória pois a água só aflorou com 32
metros de profundidade. Com o problema da água resolvido e com a aquisição de
cavalos que lhes serviam como meio de transporte, em 1922 as irmãs começam a
atender as colonias de Poço Branco e "Mujuhy", dando início ao
trabalho da catequese nessas comunidades.
A Primeira Missa na Colônia
aconteceu no dia 10 de outubro de 1919, celebrada pelo Vigário Geral Frei
Inácio Buntgen, OFM. Contudo a vida religiosa da colônia ganharia força com a
chegada, em outubro de 1926 do Padre José Schmid, secular, vindo dos Estados
Unidos para morar no São José. Foi ele, que em 1935, pagou do seu próprio
bolso, a construção de uma nova capela para a Colônia, cuja planta foi feita
por Frei Rogério Voges, OFM. Sobre este período de trabalho de padre José
Schmid, assim se manifesta Dom Amando Balhmann, Bispo Prelado de Santarém:
O
Instituto Agrícola de S. José, no centro da paróquia (20 kilometros distante de
Santarém), tem um Convento para as Irmãs e umas 18 orfãs. A capela lá é
bonitinha. E assim também a casa de residência do nosso Padre José Schmid, que
é o pai espiritual do estabelecimento. Há 8 anos já serve a Deus e às Irmãs e
ao povo na circunvizinhança. Nos ajudou generosamente em construir umas 8
capelas nos diversos povoados em redor de São José.
Muitos
pobres foram socorridos e muitas almas salvas pelo zelo do Padre José. Que Deus
o conserve por muitos anos para o bem do povo que tanto estima o padre
americano.
Pe. José Schmid se retirou
definitivamente, logo após o falecimento de Dom Amando, em 02 de novembro de
1939. Seu substituto, Frei Daniel Budde, OFM, reformou a capela de São
Francisco de Assis e lhe construiu duas sacristias. Em 1944 a Colônia ganharia
nova vida com a vinda do novo capelão: Frei Rogério Voges. Foi ele que
construiu uma nova casa para as órfãs, separada da casa das irmãs. Um barracão
onde funcionava uma usina de arroz, maquinário para fabricação de farinha, um
pequeno engenho e uma "casa do motor de energia". Esse barracão
ficava próximo à casa do capelão, construída ainda por Pe. José Schmid.
Em razão do eficiente trabalho
das irmãs missionárias o número de alunas crescia cada vez mais, pois na década
de 1940 chegou a atender cem alunas internas, além das órfãs. Em 20 de outubro
de 1953 a Escola São José obteve Personalidade Jurídica. Era necessário um
prédio maior para atender aos alunos do planalto santareno. Contudo o sonho de
um prédio próprio apenas para a Escola só se tornaria realidade em 1961, com o
início da construção do novo prédio com capacidade para atender cerca de 1.000
alunos divididos nos três turnos, que foi concluído em 1963, mas que precisou
de uma reforma geral em 1966, donde pouca coisa se mudou no seu aspecto até os
dias de hoje.
O Curso Normal/Regional,
autorizado em 21 de fevereiro de 1962, começou a funcionar no dia 04 de março
do mesmo ano. Muitas professoras foram formadas por este curso, algumas delas
acabaram lecionando nas comunidades do planalto e também em Santarém e municípios
vizinhos.
Em fevereiro de 1977 começou a
funcionar o Curso Primário da alfabetização ao 5º Ano e no dia 15 de março
deste mesmo ano foi iniciado o Ginásio Normal, com a matrícula de 185 alunos.
No dia 04 de junho de 1992 começou a funcionar o 2º Grau Modular. Somente em
2002 o Ensino Médio Regular começou a existir no Colégio São José, contudo o
curso só foi reconhecido em 14 de agosto de 2008.
O Colégio São Jose, situado na
rodovia BR 163, km 19, muito tem contribuído para a formação do povo santareno
que mora no planalto. Graças ao trabalho abnegado das Irmãs Missionárias da
Imaculada Conceição que procuram manter não somente um padrão de ensino
incontestável, mas também uma presença humilde e insistente na educação em
Santarém.
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