A cidade de Santarem está situada na margem direita do rio Tapajoz, a 693 kilometros e 500 metros da capital, em terreno que desce com ligeiro declive de Sul a Norte, a 5 kilometros da juncção d'este rio com o braço meridional do Amazonas. Bella situação, de perspectiva pittoresca pela proximidade das serras Panema e Irurá, ao Sul da cidade; clima saudavel, terras altas, collinas, planicies, várzeas, campos. A cidade, foro que lhe foi conferido pela lei n. 145 de 24 de outubro de 1848, é a sede da comarca e da 2ª vigararia geral (denominada vigararia geral do Baixo-Amazonas), instituida pela provisão de 17 de agosto de 1821; consta de varias ruas, travessas e praças, 300 a 400 casas geralmente boas e de construcção moderna, cemitério murado, paço municipal, elegante edificio, boa igreja matriz com altar de mármore branco, uma ermida em construcção, sob a invocação de S. Sebastião, padarias, diversas officinas, 2 typographias, 2 periodicos o Municipio e o Baixo-Amazonas, 2 advogados formados e 2 provisionados, 2 boticas, 1 medico, 1 sociedade ethnographica, 11 escolas publicas no municipio, casas de negocio bem sortidas, collectorias geral e provincial, agencias do correio, bilhar, illuminação a kerosene, 1 fabrica de licôres, vinagre e vinho de cajú, cujos productos foram premiados em duas exposições, olaria a vapor, serrarias, fabricas de cal, extrahida de pedras das margens do Tapajoz, perto de Itaituba, engenhos de canna de assucar.
Agricultura
pouco desenvolvida; cultiva-se cacáo, mandioca, em menor escala, canna de
assucar e tabaco, particularmente nos estabelecimentos dos antigos colonos americanos
e na colonia “Bom Gosto”, fundada com emigrados da seca. As principaes industrias
exercidas na comarca são: a extracção da gomma elastica nas cachoeiras do Alto
Tapajoz, a criação do gado vaccum, em major escala no lago Grande, municipio de
Villa-Franca e a pesca do pirarucu. Exporta cacáo, castanha, vinho de cajú,
oleo de cumaru, licôres, salsa, peixe secco (pirarucu), borracha, couros e gado
em pé. Na cidade ha abundancia de melões, atas, cajús, abacates, bananas,
tamarindos, laranjas, ovos, etc. E' porto de escala de quasi todos os vapores que
navegam o Amazonas e dos que fazem o serviço da linha de Manáos, subvencionada
pelo governo geral, e da de Juruty e Itaituba, pelos cofres provinciaes.
NOTA: Texto extraído do anexo da Fala do Presidente
da Província do Pará, Dr. João Silveira de Sousa, de 15 de outubro de 1884.
Nenhum comentário:
Postar um comentário