A intervenção
mais significativa, entretanto, foi feito no período de 1965 a 1968. Foi levada
a cabo a pedido de Dom Tiago Ryan, que incumbiu o então vigário da Catedral,
Frei Vianney Müller de realizá-la. Entre os trabalhos executados podemos citar:
A demolição do
antigo altar mor (bem como de todos os altares laterais da Igreja); a retirada
dos púlpitos; a retirada do forro; a troca do telhado (de telhas de barro pelas
do tipo “brasilit”); a retirada do “Coro”; a retirada dos vitrais; a retirada
das portas de madeira e sua substituição por esquadrias em ferro; a retirada do
relógio do frontão central do templo; a substituição do piso de mosaicos; a
substituição dos bancos (estes dois últimos ainda foram legados por Dom
Anselmo) e a troca da sacristia para o lugar do antigo Consistório (e
consequente extinção deste); além de outras intervenções de menor porte. Dos
resquícios do templo original restaram apenas as paredes.
Em uma
entrevista gravada em 02 de dezembro de 2015, assim se expressou Frei Vianney
Miller sobre a reforma da Catedral:
Bem, primeiro, a área coberta da Catedral estava
para cair, porque a madeira estava toda podre lá nos pontos, então eu levei
Carlos Serruya para ver, ele subiu lá em cima, olhou e disse que tinha que
tirar, estava tudo podre, estava para cair.
Eu quis colocar aquele crucifixo lá onde esta. Eu
pedi a Pedro Machado para trazer a quariquara para colocar. Eu vi a quariquara
pela primeira vez em Itaituba, quando lá trabalhei, eu vi lá nos postes de
eletricidade. Quando eu fui feito vigário da Catedral e vi o corpo, logo me
veio a ideia de colocar aquele crucifixo lá na frente.
Aquele altar que estava lá, o pessoal não sabe,
todo mundo queixa, mas era difícil celebrar missa lá. A mesa em cima era
madeira, ela virava, embaixo não era mármore, mas um pó com cola que usavam
antigamente. A madeira virava, era ruim celebrar missa lá.
Dom Tiago me disse que a liturgia estava mudando,
era para olhar para o povo, o Altar do Santíssimo devia ir para o lado e eu
coloquei o crucifixo lá na frente.
No altar novo (feito de carapanaúba), havia uma
placa que coloquei, uma placa de madeira assim grande. Eu recebi dinheiro do
meu tio que era cego e coloquei o nome dele no altar de carapanaúba. Ele me deu
dinheiro para fazer esse altar.
Na construção da Catedral, se era para continuar
como está teria sido muito mais caro. Naquele tempo estavam construindo a
maternidade, veio construtores dos Estados Unidos, eles reforçaram a madeira do
telhado com aço.
Houve queixas porque eu não fiz a cobertura, o
forro, mas eu não tinha mais dinheiro por isso. Mas eu já estava de saída,
depois o Valdir Serra veio e fez.
O povo tem saudade daquilo que era. Talvez se a
gente tivesse deixado o altar teria prejudicado o espaço, a ideia era dar mais
espaço.
(...) Nós usávamos a sacristia para guardar as
coisas, eu não dei nada para ninguém, as estátuas e demais coisas eu guardei.
Um lado era capela e bem, não era sacristia naquele tempo. Não tínhamos
controle de tudo e de repente as coisas desapareceram, mas eu mesmo não dei
nada para ninguém.
De fato,
muitas coisas da antiga matriz foram parar nas mãos de populares. Algumas delas
foram devolvidas e hoje ornamentam um dos altares laterais da Catedral (cujos
capiteis eram do antigo altar mor). Outros objetos (como cálices e ambulas) que
foram devolvidos, hoje fazem parte do acervo do Museu de História e Arte Sacra
da Diocese. No entanto, muitas peças ainda estão espalhadas em casas de
populares esperando que possam novamente ser vistas por todos.
Não encontrei,
nos meios da imprensa escrita da época, nenhum tipo de descontentamento público
sobre as intervenções feitas. Se houve (e com certeza houve) foram poucas e
jamais levadas ao conhecimento do grande público. O fato é que, frei Vianney
conseguiu o desejado espaço e colocou o crucificado de Von Martius em lugar de
destaque no altar.
Oficialmente a
Catedral foi reaberta ao público na Semana Santa do ano de 1969 (mais
precisamente no dia 03 de abril). Sua reinauguração foi singela e simples, na
noite da quinta-feira da Paixão, lembrando os fatos da instituição da
Eucaristia e do Sacerdócio Cristão.
NOTA: Trecho do livro “A Catedral de Santarém”, de
Pe. Sidney Canto, lançado em 2016.
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