Um dia eu estava na Catedral de Nossa Senhora da Conceição e o professor Emir chegou até mim carregando um envelope. Ele me disse: “Meu Padre (ele me chamava assim), tenho aqui alguns dos meus pobres escritos que, espero, lhe sejam úteis”. Guardei esses escritos com carinho e, hoje, passados quase 20 anos, retomei a leitura de alguns. Deles, retiro estes 10 pensamentos que compartilho com os leitores do blog:
1 – “Olho o
mundo tentando descobrir novidades mais estimulantes, políticos menos indignos
do que os nossos”.
2 – “Mesmo entre
poças de sangue, a Amazônia cresce e aparece aos olhos do mundo. A médio prazo,
talvez isto aqui deixe de ser a cozinha nacional, a casa da Mãe Tapuia onde
todos mexem e ninguém manda. A pressão que vem de fora há de nos ajudar a fazer
destas estrupadas paisagens o paraíso ecológico de nossos sonhos ainda suicidas”.
3 – “Precisamos abrir
as janelas da Amazônia, deixando a Humanidade ver o que acontece no coração das
matas, na alma dos rios”.
4 – “Para o
médico, a morte é uma presença mais complicada e misteriosa do que parece ao
cidadão de outras profissões”.
5 – Quem vive
tentando entender o mundo e os homens encontra, cada vez mais facilmente, duas
razões cardeais para tanta violência, tanto desamor: um egoísmo infernal e uma
quase absoluta ausência de freios morais”.
6 – “Ajudem-nos
a retirar da UTI o mais formoso rio do universo – o Tapajós. Deus sabe quanto
me alegra a alma essa possibilidade de ressurreição do caminho azul que a
garimpagem maluca transformou em venenosa calda barrenta”.
7 – “O jornalista
não pode brincar com a opinião pública, esquecendo a sua responsabilidade
arrepiante. A mentira impressa ou jogada no éter alastra-se como carapanã ao
anoitecer nas várzeas. Mesmo que a vítima exerça o direito de resposta e tente
restabelecer a verdade, o mal já foi feito. A desinformação, seja inocente ou perversa,
costuma enraizar-se na mente do povo. Às vezes, de modo irreversível”.
8 – “A experiência
humana é fascinante, acima de tudo, por ser bordada de imprevistos e espantos”.
9 – “Não sei de
nenhuma arte mais difícil de que a de envelhecer com dignidade e sabedoria”.
10 – “Quando os
palhaços resolvem ter acessos de seriedade, costumam divertir ainda mais as plateias
gargalhantes. De vez em quando, tanto o governo como o Congresso assumem poses
de emocionante austeridade, resolvendo mostrar algum serviço ao eleitorado que
lhes custeia as mordomias de nababos”.
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