Em maio de 1872,
chegando eu à cidade de Santarém, no rio Tapajós, e informando-me das diversas
localidades do mesmo rio, desejei saber se conheciam a origem do nome Borary
ou Puérary, com que era conhecida a antiga Missão, hoje vila do
Alter do Chão.
Na Aldeia de Santarém ainda existem descendentes dos índios missionados em Puêrary, que me afirmaram ter a extinta missão esse nome, devido as contas verdes ou amarelas, que então se encontravam no Lago Verde e nas margens de um ribeirão que por essa circunstância tomou esse nome, que pela língua tupy significa Rio das Contas ou Água das Contas. A tradição é que essas contas eram para ali levadas anualmente pelos Tapayunas, que as iam buscar no rio Jamundá, entre os Uaboys e Cunurys, que as recolhiam de outros índios ou das Amazonas.
O uso do
muirakitan ou pedras verdes, que a tradição quer que fosse introduzido pelas
Amazonas, originou o nome inglês Amazonstone e o alemão Amazonsteine.
A informação que
obtive em Santarém, despertou-me o desejo de conhecer essas contas.
Para isso mandei emissários a Alter do Chão, gastei dinheiro e abusei de
amizades, mas, felizmente, não foram improfícuas as minhas diligências.
Do Lago Verde
recebi uma. Qual não foi a minha estupefação vendo, que a rocha de era feita (jade),
não tinha por pátria o solo brasileiro! A natureza da rocha, a forma do
ornamento, o seu trabalho artístico, tudo levou-me a não abandonar as minhas
pesquisas, porque via que estava com um objeto pré-histórico de valor, que
muita luz podia me dar sobre a civilização que ele denotava. A importância que
logo lhe liguei, levou-me a mandar encastoa-lo em ouro e a trazer como um
breloque na minha corrente de relógio. Outro, por não achar nada de mais valor
no Amazonas, ofereci como tributo de gratidão, à Sua Alteza e Sereníssima
Princesa Imperial.
NOTA: Texto
escrito por João Barbosa Rodrigues, extraído da Revista Amazônica, Ano II, Tomo
II, 1884.
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