“Eu vim em Santarém, para estudar, em 1945.
Santarém era pequena nessa época. Aqui onde hoje é o Asilo ainda era mato. Só
tinha o Hospital da Fundação SESP. Santarém daquela parte que pega do fim da
Barão para cima era um cajual, onde a gente vinha brincar, apanhar caju, vinha
matar tempo, quando eu tinha a idade mais ou menos de nove anos. Essa foi a
Santarém que eu conheci. Terminava aqui perto da Sete de Setembro. Tinha uma
casa conhecida como “Macaco Branco” e na esquina morava o seu Tertulino que era
caminhoneiro que tinha um caminhão e fazia frete...
Tinha o “Castelo”
onde era ali onde hoje é a Receita Federal, onde a gente ia brincar, corria
pelas laterais e caía na água na época da cheia. Mais para cá tinha o “Canto Redondo”, que era o comércio do
seu Manelito Correa. Mais na frente tinha o Mercado Municipal, passando o
Castelo, para o lado da Primavera. Esse mercado funcionava precariamente, mas
era a única opção que tinha. Quando chegava o mês de julho vinha tempo da falta
de boi. Quando chegava quatro horas da tarde você já encontrava uma fila que
pegava uma rua, onde o pessoal deixava uma cesta com uma pedra dentro ali para
ir comprar carne no outro dia de manhã. Uma carne de péssima qualidade, muito
magra, que minha mãe mandava a gente comprar. Que era uma carne sem qualidade,
muito magra, sem gordura. Esse era o aspecto de Santarém que ainda perdurou
muito tempo, sofríamos com abastecimento de carne em Santarém. Tanto que minha
mãe com meu pai engordavam um porco no interior. Matavam e faziam a “mixira” que a gente trazia era uma
reserva que a gente tinha. Quando não tinha carne a gente ia na lata de “mixira” e fazia a nossa comida.
Era uma vida muito sofrida em Santarém naquela
época, agora era muito bonita. As praias da frente da cidade eram bonitas. No
domingo a gente saía da cidade e íamos para a Vera Paz. A Vera Paz era o nosso
balneário daquela época, uma praia linda. Domingo de manhã todo mundo ia para
aquela praia, inclusive a gente fazia movimento da Igreja, os Marianos, a turma
da Cruzada, os padres... A gente ia para lá fazer feijoada, era uma diversão
que a gente ia. Tinha a Coroa de Areia com uma areia fina e limpinha. Era
bonita à beça. Essa beleza natural era uma coisa muito boa em Santarém”.
Manoel Jerônimo
Gomes Diniz é empresário. Nascido a 06 de novembro de 1936, no Lago Grande de
Curuai.
Tenho uma dúvida: o antigo "Castelo" ficava onde hoje é o prédio da Receita Federal ou onde fica o prédio da esquerda (onde funciona uma ótica no térreo)?
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