Movimentaram-se
os pescadores dos nossos rios para as comemorações do dia de São Pedro,
glorioso padroeiro da grande classe que moureja sobre as águas, em dias
solarentos, sobre a canícula escaldante ou em noites chuvosas e escuras, quando
as tempestades agitam as águas, fazendo balançar as pequenas e frágeis canoas
que galgam as ondas altaneiras, transpondo enormes montanhas líquidas, vencendo
os perigosos abismos que se cavam entre o elemento revolto.
Nesses instantes
de perigo, o pescador, homem de fé e confiança, tem como seu guia e protetor o
seu grande padroeiro, que também exercera o espinhoso ofício nas águas da
Palestina.
Fiel à sua
devoção, o pescador santareno esteve ontem prestando o culto de sua devoção ao
milagroso São Pedro, festejando o dia do seu padroeiro, no recesso do lar, como
também sobre o mar, que esteve tão plácido e tranquilo para que a grande
homenagem decorresse como uma eloquente demonstração de fé, dessa fé inabalável
que anima o homem do mar para a luta da pescaria, e enfrentar com coragem as
emergências mais diversas.
Como acontece
todos os anos, realizou-se ontem à tarde a passeata marítima promovida e
organizada pelos nossos pescadores, que compareceram em suas canoas
embandeiradas, tomando parte também todas as embarcações surtas em nosso porto.
Foi mais uma
expressiva demonstração e um vivo exemplo de fé e devoção, que os marítimos e
pescadores deram publicamente, realizando a tradicional e concorrida procissão
para festejar o dia de São Pedro, o Apóstolo padroeiro da classe que, nas horas
incertas e de perigo, está no pensamento dos pescadores e dentro do coração
permanece eternamente.
NOTA: Publicada
no Jornal de Santarém de 30 de junho de 1951.
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