quarta-feira, 6 de junho de 2018

A festividade de São Pedro em Santarém no ano de 1951


Movimentaram-se os pescadores dos nossos rios para as comemorações do dia de São Pedro, glorioso padroeiro da grande classe que moureja sobre as águas, em dias solarentos, sobre a canícula escaldante ou em noites chuvosas e escuras, quando as tempestades agitam as águas, fazendo balançar as pequenas e frágeis canoas que galgam as ondas altaneiras, transpondo enormes montanhas líquidas, vencendo os perigosos abismos que se cavam entre o elemento revolto.
Nesses instantes de perigo, o pescador, homem de fé e confiança, tem como seu guia e protetor o seu grande padroeiro, que também exercera o espinhoso ofício nas águas da Palestina.

Fiel à sua devoção, o pescador santareno esteve ontem prestando o culto de sua devoção ao milagroso São Pedro, festejando o dia do seu padroeiro, no recesso do lar, como também sobre o mar, que esteve tão plácido e tranquilo para que a grande homenagem decorresse como uma eloquente demonstração de fé, dessa fé inabalável que anima o homem do mar para a luta da pescaria, e enfrentar com coragem as emergências mais diversas.
Como acontece todos os anos, realizou-se ontem à tarde a passeata marítima promovida e organizada pelos nossos pescadores, que compareceram em suas canoas embandeiradas, tomando parte também todas as embarcações surtas em nosso porto.
Foi mais uma expressiva demonstração e um vivo exemplo de fé e devoção, que os marítimos e pescadores deram publicamente, realizando a tradicional e concorrida procissão para festejar o dia de São Pedro, o Apóstolo padroeiro da classe que, nas horas incertas e de perigo, está no pensamento dos pescadores e dentro do coração permanece eternamente.

NOTA: Publicada no Jornal de Santarém de 30 de junho de 1951.

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