domingo, 10 de junho de 2018

Momento Poético: SAUDADES...


Por Carlos Estevão de Oliveira

Saudades! Águas passadas!
Nuvens que o vento levou!
Brancas ruínas sagradas
De um templo que desabou!

Do rio de nossa vida
Tristonhas garças reais;
Sonhos que voam, querida,
Mas, ai de nós! Para traz!... 

Saudades! Mágoas serenas
Que a gente sofre e bendiz;
Lembranças gratas, amenas,
De quando se foi feliz!

De um sol que jaz quase findo
Quase apagado clarão
Penas que soltam, partindo,
As ilusões que se vão!

Saudades! Túmulos Santos
Onde a alma vai sepultar
As esperanças que em prantos,
Vemos, morrendo, tombar!

Estranhas notas de um fado
Cheio de estranho sentir;
Sombras que vem do passado
Entristecer o porvir!...

Saudades! Que são Saudades?
Quem as define? Ninguém!...
Ai! Flores das soledades
Vós sois meu único bem!...

NOTA: O autor foi Promotor Público da Comarca de Alenquer, onde morava quando escreveu esta poesia datada de 11 de setembro de 1909.

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