Me pediram para
escrever umas linhas sobre este assunto. É espinhoso e, desde já, peço que meus
leitores usem mais da razão do que de simplória emoção. Vamos lá...
Particularmente
já celebrei várias Exéquias em velórios desta minha querida Santarém. Neles,
vejo que os mortos não têm mais domínio sobre si mesmo (aliás, nem queiram
saber o que fazem com nossos corpos depois que nossa alma volta ao Altíssimo,
seria incômodo publicar aqui o que já vi). No entanto, a vida “post mortem”,
que deveria ser um “descanse em paz” acaba por trazer várias desavenças entre
os vivos, principalmente quando tem herança envolvida no meio da história; mas,
também, quando se trata da memória do ente querido.
É o caso das
homenagens “post-mortem” ou “in memoriam”. Particularmente sou a favor de
homenagens “in vitam”, em que a pessoa esteja lá para receber e se sentir
agradecida pela homenagem recebida. Mas, em atenção à necessidade de se
conservar a memória coletiva e histórica de uma comunidade, algumas homenagens
são mesmo justificáveis.
Sendo assim,
acho muito justo que os nobres edis de nossa cidade façam homenagem a pessoas
que contribuíram para a história e a cultura local, sejam elas médicos,
advogados, empresários, políticos, jornalistas... mas, também a professores,
peixeiros, garis, e até mesmo aqueles que trabalham nos bastidores da Câmara ou
da Prefeitura Municipal, servindo a água ou o cafezinho ou fazendo as atas das
reuniões, etc...
No, entanto,
existe um conselho antigo que “não se deve descobrir um santo para cobrir outro”.
Ou seja, a Câmara e a Municipalidade não deveriam, para fazer uma homenagem,
descreditar uma outra já feita. É o caso de que agora vejo as reações aqui nas
redes sociais.
Para quem não
conhece a história, as travessas 15 de Agosto e 15 de Novembro, fazem menção a
duas homenagens da municipalidade (aprovadas pela Câmara e sancionadas pelo
Prefeito) para com dois eventos históricos de grandeza para o País e também
para a Amazônia. A primeira faz jus à Proclamação da República e a segunda à
Adesão do Pará à Independência do Brasil (data em que deixamos de ser
portugueses para sermos brasileiros). Sendo assim, os atuais edis estão sendo
injustos com os que lhes antecederam (até mesmo pais e avós de alguns que hoje
ainda estão no poder legislativo), ao mudar nome de homenagens já feitas pelos
ex-vereadores e prefeitos.
Uma sugestão: ao
se fazer homenagem, colocando nomes de pessoas já falecidas, que se façam para
novas ruas ou logradouros que são mais recentes. A cidade cresce e carece de
novas ruas, bosques, escolas, creches, jardins, praças e bairros, que podem
homenagear os entes queridos da tapajônica Santarém. É justiça para com os
precisam ser lembrados e bom para os que moram nas atuais artérias, já
acostumados com a nomenclatura existente.
Em outro momento
também já fiz uma lista de nomes que ainda hoje estão esquecidos de homenagens
municipais e que poderiam ser homenageados nestes novos bairros e artérias que
surgem em nossa urbe. Seria bom fazer um levantamento desses ainda “Esquecidos”,
para que justamente sejam também homenageados.
Como se diz no jargão
atual dos jovens: #ficadica!
Santarém, 26 de
junho de 2018.
Pe. Sidney
Augusto Canto
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