Por Pe. Sidney
Augusto Canto
01. Alguns dados sobre a Educação em Alenquer...
Em 1871, o então
juiz de direito da Comarca de Santarém (do qual Alenquer fazia parte) e também
presidente da Província do Pará, dr. Abel Graça, promoveu uma circunscrição em
benefício da construção de uma Escola para aquela Vila. A população atendeu ao
apelo do juiz e presidente e arrecadou-se 1:000$000 (um conto de réis), com o
qual se deu início a construção de uma Escola para o ensino primário. Em 1877,
a Escola de Ensino Primário de Alenquer possuía a matrícula de 105 alunos
(meninos) e era regida pelo professor normalista sr. Moraes, possuindo a frequência
média de 96 alunos. Merecendo um elogio publicado no jornal “Baixo Amazonas”
(de Santarém) que dizia o seguinte: “É lisonjeiro
o estado desta escola devido a dedicação e inteligência do professor, que
consagra todo o seu cuidado no desenvolvimento moral de sua escola e o
adiantamento dos seus alunos”.
02. Sobre o primeiro Tribunal do Júri em Alenquer...
Em 15 de
dezembro de 1874 foi instalada a Primeira Sessão do Tribunal do Júri no Termo
Judiciário de Alenquer (então pertencente à Comarca de Santarém). O primeiro
processo julgado pelo júri foi o de um furto praticado pelos réus João Soares
de Oliveira (vulgo João Redondo) e o negro Gaspar Felippe Landegario, acusados
de subtrair cerca de cinco contos de réis em ouro, que havia sido encontrado
enterrado nas imediações da cidade de Alenquer.
03. Sobre viagens a vapor de Alenquer...
No ano de 1876,
um viajante que quisesse viajar de embarcação a vapor de Alenquer para Santarém
ou Óbidos, pagaria o valor de cinco mil réis pelo bilhete de passagem.
Entretanto, se a viagem fosse de Alenquer para Belém, o viajante desembolsaria
55 mil réis e, para Manaus, 45 mil réis. Para se comparar, o preço médio de um
boi na região, na época girava entre 15 e 20 mil réis.
04. Sobre uma antiga parteira alenquerense...
No dia 11 de
abril de 1886, falece em Alenquer, com a avançada idade de 118 anos, a senhora
Raymunda Maria Correa, que desde o século XVIII, exercia a profissão de parteira.
Apesar de ser cega e viúva desde os 88 anos de idade, ainda gozava plenamente
de suas faculdades mentais quando faleceu. Tinha 13 filhos, 61 netos, 79
bisnetos e 19 tataranetos.
05. Sobre o Telégrafo em Alenquer...
Em 31 de março
de 1896, a Amazon Telegraph Company colocou em concorrência pública a
estação da agência telegráfica de Alenquer. Naquela época, cada palavra que
fosse emitida em um telegrama, custaria ao alenquerense o valor de 800 réis. O
telegrafo começou a funcionar neste mesmo ano, entretanto, o cabo subfluvial
entre Alenquer e Santarém seria cortado pouco depois de começar a funcionar e
só voltaria a ser reconectado pouco mais de oito anos depois, em 12 de janeiro
de 1905.
06. Um presente alenquerense ao governador...
Em 1902, os
jornais paraenses noticiaram um fato inusitado. As férteis terras alenquerenses
produziram uma enorme melancia que pesava 24 quilos. O que foi feito dela? Bem,
o enorme cucurbitáceo foi oferecido de presente ao dr. Fulgêncio Simões, então
Senador Estadual do Pará, que por sua vez, a deu de presente ao governador
paraense Augusto Montenegro.
07. Sobre a enchente de 1908...
Enchentes na
Amazônia são anuais. No entanto, em alguns anos foram registradas grandes
enchentes que trouxeram grandes transtornos e prejuízos. Em 11 de junho de
1908, o sr. Manoel Siqueira, residente no Paraná de Alenquer, estabelecido com
casa comercial, teve que abandonar toda sua propriedade que foi invadida pelas
águas, dando-lhe um prejuízo de 20:000$000 (vinte contos de réis). Como ele,
vários outros comerciantes e fazendeiros tiveram enormes prejuízos com as
cheias além do normal.
08. Sobre arqueologia alenquerense...
No dia 31 de
agosto de 1910, circula na capital do Estado do Pará a notícia de que, em
Alenquer, foram encontradas diversas igaçabas contendo muitos ossos humanos e
utensílios indígenas. É um dos mais antigos registros de achados arqueológicos
dos antepassados indígenas que iniciaram a história da ocupação humana em
Alenquer. A descoberta se deve, em parte, aos estudos etimológicos realizados
pelo Promotor Público da Comarca alenquerense, dr. Carlos Estevão de Oliveira.
09. Sobre eleições em Alenquer...
A eleição
realizada a 30 de janeiro de 1912 na cidade de Alenquer teve muitas
curiosidades, entre elas destacamos: um eleitor, de nome Manoel Cardoso
Monteiro, que votou duas vezes; e o primeiro caso do que possa ter sido uma
mulher votando no período Republicano, o lapso foi constado na assinatura que,
além de ser uma letra muito “feminina” o nome assinado foi o de Pedra Francisca
Ferreira.
10. O Carnaval alenquerense em 1928...
A animada quadra
de Momo agitou a cidade de Alenquer há 90 anos atrás. Diversos blocos
percorriam as ruas da pacata e animada cidade ximanga. No entanto, um deles,
composto apenas de mulheres chamava a atenção da sociedade alenquerense.
Tratava-se do bloco “Mimosas Gatinhas”, composto, entre outras beldades, pelas
seguintes brincantes: professora Rosita Lima, dra. Glorita Silva, Nazareth
Simões, professora Yayá Silva, farmacêutica Yayá Bentes, Ecila Bentes, Analia
Costa Homem, Flora Alves, Felícia Alves e (a mais jovem delas) Celma Nunes.
Foto ilustrativa:
Grupo Escolar da cidade de Alenquer na década de 1970, cedida ao blog pelo
amigo Luiz Potyguara Siqueira. Fontes: Acervo pessoal do autor, acervo ICBS e
acervo da Biblioteca Nacional.
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