As barrancas do
rio Amazonas continuam sendo imprevisíveis. O fenômeno das “terras caídas” é
bastante conhecido. Casas, roçados, árvores, caem, ano após ano, e são
arrastados pela correnteza. Em algumas áreas, agricultores chegam a perder tudo
o que plantaram quando o barranco cai. O exemplo mais recente aconteceu com o
pescador João Cantídio Almeida Souza, 65 anos, na Ilha do Palhão.
Fazendo uma
pausa em sua pescaria, Cantídio amarrou a canoa num galho de mato, perto de uma
ribanceira. Saiu da canoa e subiu no mato. A sorte do velho foi ter ele saído
logo da canoa. Ainda estava perto quando ouviu o barulho do barranco desabando.
Correu de volta, saltou na água, ainda teve tempo de segurar na popa da canoa,
mas era tarde. O volume de terra caído sobre a canoa era muito pesado e tudo
foi ao fundo, sendo levado pela forte correnteza. Por sorte ainda conseguiu
salvar um remo e um saco de roupas. Perdeu a canoa, tarrafa, hastes e todo o
instrumental de pesca e de sobrevivência. O rio, do qual Cantídio tira o
sustento desde criança, tirou-lhe, agora, os meios de sobrevivência. Por pouco
não lhe tira a vida.
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