O mato crescendo
nos seringais improdutivos, onde pelo menos um dos 1.239 funcionários que ainda
agora vivem na região, recebendo total superior a um bilhão e meio por ano, só
trabalhou nove horas em todo o exercício passado; as construções arruinadas,
tratores e automóveis abandonados ao tempo – eis o deplorável aspecto que o
viajante depara hoje em Belterra. A usina de beneficiamento de látex está
reduzida a um montão de sucata. E toda a produção deste centro, que foi um dia
a esperança de Henry Ford e hoje é um símbolo de desastre governamental, mal
atinge 318 toneladas de borracha centrifugada, de qualidade contestável.
(...) E os
detalhes da minuciosa descrição deste verdadeiro drama, dizem bem da imensa
latitude do problema amazônico para o governo brasileiro. Custou Belterra ao
país o preço simbólico de cinco milhões de cruzeiros, há exatamente vinte anos.
Só as construções e o que existia nos almoxarifados da Ford valiam muitas vezes
a quantia ridícula. Hoje, Belterra é quase terra de ninguém, um furo por onde
se esvaem verbas federais sem fim e para nada. É, antes de tudo, um símbolo.
Perdida na floresta, desconhecida da quase totalidade dos brasileiros,
inclusive de muitos que vivem na região, Belterra é uma linha no orçamento da
União e a evidência da incapacidade estatal.
NOTA: Texto
extraído do jornal Alto Madeira, de 01 de agosto de 1965.
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