segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Descrição de um viajante: Boim em 1875

Outro relato feito por Rufino Luiz Tavares, que esteve na região do rio Tapajós no ano de 1875. Eis o texto, publicado no ano de 1876, que fala da então paróquia de Boim, que na ocasião era apenas um Lugar, sem predicamento de Vila.



BOIM: Foi em outros tempos a aldeia de Santo Inácio, habitada por alguns índios Tupinambás, que os Jesuítas fizeram passar de uma outra existente no lago Uuicurupá, na margem direita do rio Tupinambarana. É hoje paróquia do município de Vila Franca sob o nome de Boim. Acha-se situada sobre terras altas e planas da margem esquerda do Tapajós aos 6° 36’ 5’’ de longitude O de Belém e aos 2° 25’ de latitude S, 76 quilômetros ao S de Santarém. Os moradores ocupam-se exclusivamente do fabrico de borracha, que extraem das seringas existentes na vizinhança. Colhem também algum breu, estopa de castanheira, castanhas, plantam mandioca, da qual fabricam farinha de inferior qualidade que exportam para Santarém e Belém. Não tem a menor importância comercial e sua decadência é manifesta. O aspecto da freguesia é o pior possível; contém apenas uma só casa coberta de telha à margem do rio, todas as mais em número de 62 são palhoças toscamente construídas. A Igreja, parte coberta de telha e parte de palha, é um barracão impropriamente destinada a tão elevado serviço, está consagrada a Santo Ignácio, que é o padroeiro da paróquia, mas não tem pároco. É na verdade para lastimar que, sendo Boim uma das freguesias mais populosas e mais bem situadas no Tapajós, contendo terras produtivas, se ocupem somente seus habitantes da extração da goma elástica e da plantação da mandioca. A população consta de 849 indivíduos, 439 do sexo masculino, 406 do sexo feminino, todos livres com exceção apenas de uma mulher. Acham-se presentemente providos de duas escolas de instrução elementar, a do sexo masculino frequentada por 55 alunos, a do feminino apenas por 9”.

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