Outro relato feito por Rufino Luiz
Tavares, que esteve na região do rio Tapajós no ano de 1875. Eis o texto, publicado
no ano de 1876, que fala da então paróquia de Boim, que na ocasião era apenas
um Lugar, sem predicamento de Vila.
“BOIM:
Foi em outros tempos a aldeia de Santo Inácio, habitada por alguns índios
Tupinambás, que os Jesuítas fizeram passar de uma outra existente no lago
Uuicurupá, na margem direita do rio Tupinambarana. É hoje paróquia do município
de Vila Franca sob o nome de Boim. Acha-se situada sobre terras altas e planas
da margem esquerda do Tapajós aos 6° 36’ 5’’ de longitude O de Belém e aos 2°
25’ de latitude S, 76 quilômetros ao S de Santarém. Os moradores ocupam-se
exclusivamente do fabrico de borracha, que extraem das seringas existentes na
vizinhança. Colhem também algum breu, estopa de castanheira, castanhas, plantam
mandioca, da qual fabricam farinha de inferior qualidade que exportam para
Santarém e Belém. Não tem a menor importância comercial e sua decadência é
manifesta. O aspecto da freguesia é o pior possível; contém apenas uma só casa
coberta de telha à margem do rio, todas as mais em número de 62 são palhoças
toscamente construídas. A Igreja, parte coberta de telha e parte de palha, é um
barracão impropriamente destinada a tão elevado serviço, está consagrada a
Santo Ignácio, que é o padroeiro da paróquia, mas não tem pároco. É na verdade
para lastimar que, sendo Boim uma das freguesias mais populosas e mais bem
situadas no Tapajós, contendo terras produtivas, se ocupem somente seus
habitantes da extração da goma elástica e da plantação da mandioca. A população
consta de 849 indivíduos, 439 do sexo masculino, 406 do sexo feminino, todos
livres com exceção apenas de uma mulher. Acham-se presentemente providos de
duas escolas de instrução elementar, a do sexo masculino frequentada por 55
alunos, a do feminino apenas por 9”.
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