Em meados de 1855 a Amazônia sofria com a
epidemia do “colera morbus”. O ofício abaixo transcrito, escrito pelo médico responsável
pela comissão de Higiene Pública da Província demonstra de forma resumida o
estado sanitário da mesma. Nota-se a utilização de sangrias como meio de
combater a enfermidade.
“Ilmo. e Exmo. Sr.
Depois do meu
ultimo ofício a V. Exª sobre a epidemia reinante, colhi informações mais
recentes a respeito do estado da salubridade pelo interior desta província, e
da do Amazonas, as quais foram trazidas pelo vapor “Rio Negro”, e apresso-me em
comunica-las a V. Exª.
Havia aparecido o
cholera (sic) em larga escala na Cidade da Barra do Rio Negro, em Serpa,
Villa-Bella, e Andirá em a nova província, porém, sem estrago algum. Não consta
haver morrido pessoa alguma, com quanto muitas tivessem sido atacadas
gravemente, e deve-se esse inapreciável favor à sangria do braço, que na
generalidade dos casos é logo empregada, imediatamente que a doença se
manifesta, quer seja debaixo do tipo benigno, quer sob o caráter grave.
Em Óbidos, e
Santarém havia sensivelmente declinado o mal. Também no Rio-Preto, e Melgaço,
se há experimentado igual vantagem da sangria, havendo-se por semelhante meio
salvado a vida a muitos tapuios, e mamelucos, como V. Exª verá pelos documentos
juntos. Consta-me, que pela ilha de Marajó também já se não lança mão em
primeiro lugar de outro recurso, e assim vão estes povos logrando a satisfação
de conservar a vida a muita gente. Sujeitos há, que andam de lanceta na
algibeira para “in continenti” acudirem aos seus semelhantes. Exmo. Sr., por
toda a parte vai triunfando (sic) o domínio da verdade; e permita DEOS (sic),
que por essas províncias do sul, por onde o flagelo pode infelizmente dentro em
pouco estender-se, não surjam espíritos scepticos (sic), e dyscolos (sic), que
ousem afrontar essa verdade, solenemente traduzida em fatos.
Nesta capital
continua em progressiva declinação a enfermidade, e sustento a minha opinião de
que até meiados (sic) d’Agosto estaremos livres do devastador inimigo da
humanidade.
Deus Guarde a V.
Exª.
Pará 18 de julho
de 1855.
(Ao) Ilmo. e
Exmo. Sr. Dr. Francisco de Paula Candido - Digníssimo Presidente da Junta
Central d’ hygiene (sic) Pública do Rio de Janeiro.
Dr. Francisco da
Silva Castro – presidente da Comissão d’Hygiene Pública desta Província”.
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