quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Documentos históricos: Ofício sobre o estado sanitário em 1855

Em meados de 1855 a Amazônia sofria com a epidemia do “colera morbus”. O ofício abaixo transcrito, escrito pelo médico responsável pela comissão de Higiene Pública da Província demonstra de forma resumida o estado sanitário da mesma. Nota-se a utilização de sangrias como meio de combater a enfermidade.


Ilmo. e Exmo. Sr.
Depois do meu ultimo ofício a V. Exª sobre a epidemia reinante, colhi informações mais recentes a respeito do estado da salubridade pelo interior desta província, e da do Amazonas, as quais foram trazidas pelo vapor “Rio Negro”, e apresso-me em comunica-las a V. Exª.
Havia aparecido o cholera (sic) em larga escala na Cidade da Barra do Rio Negro, em Serpa, Villa-Bella, e Andirá em a nova província, porém, sem estrago algum. Não consta haver morrido pessoa alguma, com quanto muitas tivessem sido atacadas gravemente, e deve-se esse inapreciável favor à sangria do braço, que na generalidade dos casos é logo empregada, imediatamente que a doença se manifesta, quer seja debaixo do tipo benigno, quer sob o caráter grave.
Em Óbidos, e Santarém havia sensivelmente declinado o mal. Também no Rio-Preto, e Melgaço, se há experimentado igual vantagem da sangria, havendo-se por semelhante meio salvado a vida a muitos tapuios, e mamelucos, como V. Exª verá pelos documentos juntos. Consta-me, que pela ilha de Marajó também já se não lança mão em primeiro lugar de outro recurso, e assim vão estes povos logrando a satisfação de conservar a vida a muita gente. Sujeitos há, que andam de lanceta na algibeira para “in continenti” acudirem aos seus semelhantes. Exmo. Sr., por toda a parte vai triunfando (sic) o domínio da verdade; e permita DEOS (sic), que por essas províncias do sul, por onde o flagelo pode infelizmente dentro em pouco estender-se, não surjam espíritos scepticos (sic), e dyscolos (sic), que ousem afrontar essa verdade, solenemente traduzida em fatos.
Nesta capital continua em progressiva declinação a enfermidade, e sustento a minha opinião de que até meiados (sic) d’Agosto estaremos livres do devastador inimigo da humanidade.
Deus Guarde a V. Exª.
Pará 18 de julho de 1855.
(Ao) Ilmo. e Exmo. Sr. Dr. Francisco de Paula Candido - Digníssimo Presidente da Junta Central d’ hygiene (sic) Pública do Rio de Janeiro.

Dr. Francisco da Silva Castro – presidente da Comissão d’Hygiene Pública desta Província”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário