Nos anos de 1957 e 1958, o
arraial (a Barraca da Festa inclusive) funcionava na Praça Rodrigues dos
Santos. A mudança aconteceu no período de “transição” pelo qual a Prelazia
passava. Dom Floriano arrumava as malas para viajar para Óbidos, os frades da
Província de Santo Antônio também; e Santarém ficaria sob a responsabilidade
dos frades da Província do Sagrado Coração, dos Estados Unidos da América. Segundo
a imprensa da época, o fato desagradou e muito aos populares, conforme podemos
ver na notícia abaixo, publicada no jornal “O Baixo Amazonas”:
“Boa
vontade não nos falta, mas francamente, não entendemos o que pretendem fazer os
responsáveis pela organização da Festa de nossa mui querida Padroeira Nossa
Senhora da Conceição. Aliás, a sinceridade nos obriga a dizer que também não
compreendemos o que se vem verificando a respeito das demais festividades
levada a efeito por estes recantos.
TRANSFERIDO
O ARRAIAL
Já
desde o ano passado, segundo vimos a saber, os Revmos. Frades Franciscanos, que
há pouco tempo assumiram a direção apostólica da Prelazia, impuseram a mudança
do arraial da maior festa local, e isso fora feito com os resmungos surdos e
abafados do povo, para a praça vizinha. Este ano aí estará outra vez, a
segunda, o “largo da Festa”.
NENHUM
PREPARO, NENHUMA ARRUMAÇÃO
Não
faz tempo, há menos de dois anos, sabíamos estar em plena festividade de nossa
Santa Padroeira. O Largo da Matriz ficava todo iluminado e a fachada da própria
Igreja também se engalanava, sem faltar igual cuidado no seu interior,
principalmente no Altar-Mor.
Às
vezes até duas orquestras, duas bandas de música tiravam de sua arte um
passatempo agradável a este bom e ordeiro povo. Que prazer e satisfação, que
retempero à alma neste crescente mar de atribulações! Ou não?
Este
ano, como no passado, tudo indica que não teremos música no Arraial.
[...]
INSATISFAÇÃO
POPULAR
Assim,
do modo como está sendo realizado a festa, somos forçados a dizer que é
inadmissível. Não é possível que só em Santarém se despreze tradição secular do
povo brasileiro, de ouvir música nos seus arraiais festivos, nos seus desfiles
processionais, exatamente como sempre se fez nesses momentos. Não se pode
acabar com a tradição popular e um povo que assim se deixa levar, pode ser
tudo, menos livre e independente. Porque a tradição faz parte integrante da sua
vida, do mesmo modo como a vida de todos, através dos seus atos, gestos e
atitudes, compõe a história, a narração cívica e patriótica da Pátria. Temos
pensado sobre isso e não achamos ofensa alguma à Igreja na continuação do nosso
modo de viver, com música e foguetes por ocasião desses atos festivos.
O
murmúrio acerca de tais coisas que o povo faz a sua reclamação, exigindo o
prosseguimento tradicional, ordeiro e disciplinado que sempre tem sido e é em
todo o Brasil, é a nossa própria manifestação de sincera antipatia pela nova
moralidade de se fazerem as festividades que o povo sempre aguarda”.
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