No ano de
1911 o “colera morbus” voltava a assustar a população de Monte Alegre. A doença
teve seu foco inicial no rio Curuá do Sul (atual rio Curuá-Una), de onde
algumas pessoas fugiram para o lado oposto do rio Amazonas (margem esquerda)
principalmente para as comunidades de Paracary e Maycurú. Isso fez com que o
seguinte telegrama, postado em 27 de maio de 1911, chegasse à capital:
“As febres continuam a disseminar o povo.
Rogo-vos soliciteis ao nosso governador a urgente remessa de um médico a fim de
estudar a causa da moléstia e socorrer a população, pois já até nesta cidade
entrou o mal. O povo morre à míngua, completamente abandonado. Maycurú, local
saudável, está quase despovoado. Barata”.
Em
resposta o jornal “Estado do Pará” publicou a seguinte nota, em defesa do
governador do Estado, o dr. João Coelho que, segundo o referido jornal, tudo
estaria fazendo para o melhoramento do estado sanitário das regiões acima
citadas:
“Parece-nos que o sr. Barata, que nos
telegrafou ontem a respeito do estado sanitário de Monte Alegre, carregou muito
no quadro que descreveu.
Desde muito que, de ordem do sr. Dr.
Governador, o sr. Dr. Francisco Miranda, zeloso chefe do serviço sanitário do
Estado, fez seguir para aquele município um médico, dr. Rutowictz, acompanhado
de grande ambulância. Esse profissional que passou ali um mês, deixou muito
melhorado o estado sanitário da região acometida pelo “morbus”.
Assim, pois, não tem havido descuido em
acudir a população, sendo certo que o sr. Dr. João Coelho, governador do
Estado, é solícito em providenciar a respeito da saúde pública com a máxima
prontidão.
Podemos acrescentar que desde o ano passado,
a repartição do serviço sanitário do Estado tem enviado para Monte Alegre
várias ambulâncias, de uma das quais foi portador o dito dr. Rutowictz, em
meado de agosto, regressando em setembro. Também foi, após esse médico, o
enfermeiro Manoel Tarrio, em outubro, regressando em novembro; indo de novo em
março do corrente ano e regressando a poucos dias, levando sempre avultada
ambulância.
O sr. Dr. chefe do serviço sanitário do
Estado, apesar de haver chegado há dias, apenas aquele enfermeiro tomou já
novas providencias no sentido do apelo feito ao governo”.
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