quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Isto foi notícia: o Cais de Prainha (Pará) - 1893

 Em 1893 a situação de abandono em que vivia a cidade de Prainha, nas margens do rio Amazonas, levou o cidadão G. Barbosa Lima, a escrever um artigo para o jornal “Correio Paraense”, fazendo um breve relato do descaso, conforme se pode ler no texto publicado em 10 de março de 1893:


Queremos tratar do cais da Vila de Prainha.
Na administração do conselheiro Cardoso Júnior, foi iniciada essa obra, onde se despendeu quarenta e oito contos de réis, que foram aumentar a fortuna do feliz contratante, pois este apenas fez um paredão de pedra sem solidez alguma, incapaz de comportar o aterro, aproveitando grande parte do que já tinha feito por conta própria, para garantir as casas de sua propriedade.
Por mais elevado que seja o calculo do que foi despendido em tal paredão, não se poderá admitir que se gastasse na sua construção mais de dez contos de réis.
Nenhum benefício trouxe àquela localidade esta obra, pois não pode evitar o desmoronamento das casas, visto como foi feito, onde não existe edificação alguma.
Acresce que a vila da Prainha é um lugarejo sem importância nenhuma comercial, onde apenas se contam uma meia dúzia de casebres cobertos de telhas.
Muito mais vantajoso ao erário público, caso entendesse o governo proteger os habitantes e proprietários daquela localidade, seria pagar o valor das casas, que se fossem arruinando com a queda do terreno onde são elas edificadas, pois desta forma despenderia, como despenderá, muito menos do que mandando terminar e aterrar a obra a que nos referimos.

Houve uma época em que a vila da Prainha e o seu município pode merecer a atenção dos poderes públicos, pois se desenvolvia ali progressivamente a agricultura e criação de gado vacum e cavalar, esta porém passou; e as pessoas que ali residiam tem-se retirado devido a falta de garantias e perseguições de que tem sido vítimas por parte das autoridades e dos mandões políticos, protegidos pela situação”.

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