domingo, 5 de junho de 2016

Notícias da Fordlândia em 1931

Segundo ouvimos, estão desanimando os trabalhadores dessa poderosa empresa.
Tendo sido adotada nova forma de trabalho por empreitada para derrubada da mata e limpeza das áreas contratadas, ali se acham vários empreiteiros que conseguiram homens para os trabalhos.

Acontece que os salários foram estupidamente diminuídos, e o pessoal descontente com essa gananciosa medida, vai deixando o serviço e baixando, como já sucedeu nos vapores “Aquiry” e “Zéantunes”.
A Companhia pagava-lhes 5$000 em dinheiro e dava as refeições no valor de 3$000. Estava assim razoável. Os empreiteiros só querem pagar 5$000 secos. Ora, o trabalhador paga 3$500 de refeição, fica apenas com 1$500, quantia insignificante para quem trabalha num serviço pesado daqueles. As empreitadas deixam imenso lucro aos empreiteiros e não é justo sacrificarem tanto os pobres trabalhadores em benefício de suas bolsas usurárias.
O resultado prenuncia-se mau, se não forem tomadas providências no sentido de melhorarem as coisas por ali.
É um pé para arranjarem remessas de africanos ou barbadianos e ali localizá-los, com prejuízo da nossa raça, digna de melhor sorte. Enfim, são coisas de brasileiros.
A. R. N.


NOTA: Publicado no jornal Gazeta do Norte de 20 de junho de 1931.

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