terça-feira, 10 de novembro de 2015

Descrição de um viajante: um relato de Pedro Teixeira

O Capitão Pedro Teixeira deixou um legado histórico profundo sobre nossa região e sobre nossos povos. Das expedições comandadas por Pedro Teixeira, vários relatos chegaram até nossos dias, um deles escrito e assinado pelo próprio conquistador, trata-se da sua famosa “Relação do Rio das Amazonas”, um texto em forma de relatório de viagem, de sua subida do grande rio de Belém até Quito, onde faz a seguinte descrição dos Tapajós:



“Atravessando esse rio vai-se (per)correndo terra até os Tapajós, que distam oitenta léguas do Curupá, e todo esse caminho é despovoado sobre o rio, mas a duas ou três léguas terra adentro são incontáveis os índios que há; usam já, todos os deste quadrante, de flechas ervadas tão venenosas que vertendo mesmo um pouco de sangue não há remédio algum, nem os que as usam o conhecem; são todos notavelmente carniceiros, comendo-se uns aos outros como fazem todos os do rio. Os tapajós estão situados na boca de um grande rio que para mim é braço do de Pernaíba (rio Xingú), porque a mim o afirmam alguns naturais. Terá este povoado de 15.000 moradores (vecinos) para cima (e) no rio muitíssimos. Aqui trataram mal os religiosos de São Francisco que desceram desta cidade de Quito, tirando-lhe o habito ao padre Fr. Andrés de Toledo dando-lhes alguns empurrões, e lhe pôs o nome de baruiarrojas (barbaroxas?) por as terem tingidas e riscadas (as faces?) como os Xeruuna (Juruna). Neste mesmo povoado mataram alguns homens de Francisco de Orellana, que (e) ainda hoje há arvores (troncos?) das estacas de sua cerca; no mesmo lugar fizemos as nossas (pousadas?) quando lá viemos”.

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