Ainda em 1919 o município
de Santarém teve uma bonita safra de cacau: - 432.000 quilos foram exportados.
Era o último arranco da lavoura cacaualista entre nós. Era a visita da morte.
Dai para cá foi um
desastre.
Em 1922 apenas
168.894 quilos; no ano seguinte 68.838 e, finalmente, em 1924 a colheita atingiu
a ridícula e quase inacreditável soma de 31.406 quilos.
Os cacauais dizimados
pelas continuas e demoradas enchentes vão desaparecendo aos poucos deixando em
seu lugar vastas clareiras a atestar a inutilidade do trabalho do homem ante os
caprichos da natureza.
Um ou outro varzeiro
tenta, ainda, levantar a sua riqueza abatida, fazendo replantas e organizando
novos cacauais.
Esse esforço, porém,
não será abalado?
Pelo que se vem
verificando, a regra está invertida, relativamente ao movimento anual das aguas
do Amazonas. As grandes enchentes eram exceções; hoje constituem exceções as
enchentes pequenas.
Desse modo as plantas
novas não podem resistir á invasão das águas e morrerão infalivelmente antes de
alcançar o vigor necessário.
A solução de
problemas é plantar cacauais nas terras firmes e aproveitar as restingas dos
antigos cacauais na cultura de cereais de rápida germinação e colheita, como,
por exemplo, o milho, o feijão e, sobre tudo, o arroz.
Tenho, para mim, que
o Baixo Amazonas será brevemente o maior produtor de arroz do Estado do Pará.
Esses enormes trechos
de terra boa e fecunda que permanecem cobertas d’água quatro ou cinco meses ao
ano, podem e devem ser aproveitadas na cultura do arroz.
Porque os varzeiros
não experimentam a violabilidade da ideia?
Continuarei...
TIO JOÃO.
NOTA: Publicado no jornal
A Cidade, de 28 de fevereiro de 1925. O autor do blog, quando criança, ainda
viu nossa várzea entre Santarém e Óbidos, tomada por plantações de milho,
mandioca, melão, melancia, arroz, etc, durante o período da vazante do rio. Hoje
só se vê quase mato.
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