segunda-feira, 2 de julho de 2018

Momento poético: ARTE-POÉTICA


Por Rui Guilherme Parantinga Barata

Ah! O ofício, as contorções da esfera,
– entre a aurora e a madrugada!
O litúrgico olhar abre cortinas,
O anjo adormeceu, dança arbitrária
A minha barba de duzentos anos.
Quem poderá restituir-me intacto ao mistério
Com o perfume da rosa não tocada?
Quem senão tu cântaro e fonte,
Morada, terra e pátria onde se esconde
A negra cicatriz que o peito ostenta?
Por isso vivo – entre a aurora e a madrugada;
Para que salves ou lances no infortúnio
O litúrgico olhar que em nova esfera
Apodrece sob um sol de desespero.


NOTA: Poesia escrita em Belém (PA) pelo poeta santareno e publicada em 1950.


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