No ano de 1862
aconteceu uma viagem de instrução e exercício militar da marinha, pelo rio
Amazonas, a bordo da corveta canhoneira da marinha brasileira “Belmonte”. Esta
corveta à vapor aportou na recém-criada cidade de Óbidos na tarde do dia 16 de
abril daquele ano. Do relato de sua viagem, escrita por Marco Elisio, depois do
retorno da viagem para Belém, podemos extrair a seguinte nota sobre a cidade de
Óbidos:
Deixando Santarém e o Tapajoz no dia 16
pelas 6 ½ horas, fomos de novo viajando pelo grande rio, até que demos fundo á
tarde no porto de Óbidos, cidade edificada na margem esquerda, e que parece
querer rivalizar com a primeira. Realmente é ela de mais comércio que a de
Santarém; mas irregular como é, cheia de buracos, que são outros tantos
precipícios àquele que percorre suas escuras ruas á noite: só tem de melhor a
afabilidade dos seus habitantes. Ahi nos foram oferecidas algumas partidas; e o
dr. Juiz Municipal tornou-se tão credor ao nosso reconhecimento pela urbanidade
do seu caráter e franqueza da sua hospitalidade, que jamais ser-nos-há possível
esquecer o seu nome – Francisco Mendes Pereira Junior.
Óbidos é colocada em posição mui
vantajosa, sobre uma elevada colina. Domina a cidade um pequeno, porém bem
conservado Forte, composto de oito peças modernas de calibre 84, antigas de 24,
montadas em outras tantas carretas em perfeito estado. Um optimo paiol de
pólvora, um quartel que admite 100 praças, uma boa casa para o comandante e
três tanques para recolher água, completam o forte.
A maior parte das munições bélicas se
vai deteriorando, por falta de uma pessoa habilitada para tratar delas.
A velocidade da corrente do rio é de 4 a
5 milhas; há porém junto a praia, que é de areia, um completo remanso o que
atribuímos a forma sinuosa dela, dando lugar às reservas ou á irregularidade do
fundo.
Foi de oito dias a nossa demora em
Óbidos, donde partimos para Villa-Bella no dia 24; e ai chegamos no mesmo dia a
tarde.
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