terça-feira, 1 de outubro de 2019

Uma descrição de Óbidos no século XIX...

No ano de 1862 aconteceu uma viagem de instrução e exercício militar da marinha, pelo rio Amazonas, a bordo da corveta canhoneira da marinha brasileira “Belmonte”. Esta corveta à vapor aportou na recém-criada cidade de Óbidos na tarde do dia 16 de abril daquele ano. Do relato de sua viagem, escrita por Marco Elisio, depois do retorno da viagem para Belém, podemos extrair a seguinte nota sobre a cidade de Óbidos: 

Deixando Santarém e o Tapajoz no dia 16 pelas 6 ½ horas, fomos de novo viajando pelo grande rio, até que demos fundo á tarde no porto de Óbidos, cidade edificada na margem esquerda, e que parece querer rivalizar com a primeira. Realmente é ela de mais comércio que a de Santarém; mas irregular como é, cheia de buracos, que são outros tantos precipícios àquele que percorre suas escuras ruas á noite: só tem de melhor a afabilidade dos seus habitantes. Ahi nos foram oferecidas algumas partidas; e o dr. Juiz Municipal tornou-se tão credor ao nosso reconhecimento pela urbanidade do seu caráter e franqueza da sua hospitalidade, que jamais ser-nos-há possível esquecer o seu nome – Francisco Mendes Pereira Junior.
Óbidos é colocada em posição mui vantajosa, sobre uma elevada colina. Domina a cidade um pequeno, porém bem conservado Forte, composto de oito peças modernas de calibre 84, antigas de 24, montadas em outras tantas carretas em perfeito estado. Um optimo paiol de pólvora, um quartel que admite 100 praças, uma boa casa para o comandante e três tanques para recolher água, completam o forte.
A maior parte das munições bélicas se vai deteriorando, por falta de uma pessoa habilitada para tratar delas.
A velocidade da corrente do rio é de 4 a 5 milhas; há porém junto a praia, que é de areia, um completo remanso o que atribuímos a forma sinuosa dela, dando lugar às reservas ou á irregularidade do fundo.
Foi de oito dias a nossa demora em Óbidos, donde partimos para Villa-Bella no dia 24; e ai chegamos no mesmo dia a tarde.

NOTA: Fonte documental utilizada – Jornal A Revolução Pacifica, 1862, ed. 046.

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