terça-feira, 1 de outubro de 2019

Uma descrição do Forte de Óbidos por Tavares Bastos...


Por Padre Sidney Augusto Canto

Dentre as muitas fontes que podemos dispor para pesquisar sobre o passado, uma delas são os famosos “Diários” ou “Notas” de VIAGENS. Vamos transcrever aqui uma dessas “Notas”, escritas por Tavares Bastos, no ano de 1866 no Diário do Rio e republicadas em outros jornais do país. Eis um trecho que nos remete ao Forte de Óbidos:


Além dos que dominam as duas entradas, há mais um forte bem situado em Óbidos, a 535 milhas a oeste do Pará. O Amazonas oferece aí, no canal navegável, uma largura menor de 800 braças. O outro, ao Sul desse, de que é separado por uma ilha extensa, é pouco profundo e por ele só transitam igarités. Algumas pessoas dizem, porém, que nas grandes enchentes, pode essa passagem ser transposta por maiores embarcações, fora do alcance do forte. Conquanto não existe um reconhecimento exato deste canal em ocasião de enchente, todavia poder-se-ia defende-lo por uma bateria colocada convenientemente.
O forte, que está bem conservado, carece de uma pequena muralha no sopé da colina sobre a qual assenta, onde sejam montados os canhões, para repelirem da margem os navios que, no empenho de evitarem o fogo de cima, pretendessem passar por junto de terra, à sombra do forte, pois que há muito fundo junto à margem. O forte possui seis excelentes canhões de 80, e cinco de 32 nas baterias da colina; e, na inferior, outro de 32. Desta se tiraram à pouco dois canhões de 80 que a guarneciam, e que, com mais 2 das baterias superiores, foram reforçar a fortaleza da Capital (Belém). Restituídas à Óbidos, pode esta praça oferecer 10 peças de 80, mais que suficientes, a meu ver, e que dominam perfeitamente todo o canal, além das seis de 32.
Portanto, os navios que escaparem aos canhões de Macapá, ou a grossa artilharia há pouco recebida do Pará, não poderão evitar a passagem de Óbidos. Além disso, Óbidos é um distrito bem povoado, abundante de cereais e gado.

NOTA: Fonte documental utilizada – Jornal A Patria, 1866, ed. 07.

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