Por Padre Sidney
Augusto Canto
Dentre as muitas
fontes que podemos dispor para pesquisar sobre o passado, uma delas são os
famosos “Diários” ou “Notas” de VIAGENS. Vamos transcrever aqui uma dessas
“Notas”, escritas por Tavares Bastos, no ano de 1866 no Diário do Rio e
republicadas em outros jornais do país. Eis um trecho que nos remete ao Forte
de Óbidos:
Além dos que dominam as duas entradas, há
mais um forte bem situado em Óbidos, a 535 milhas a oeste do Pará. O Amazonas
oferece aí, no canal navegável, uma largura menor de 800 braças. O outro, ao
Sul desse, de que é separado por uma ilha extensa, é pouco profundo e por ele
só transitam igarités. Algumas pessoas dizem, porém, que nas grandes enchentes,
pode essa passagem ser transposta por maiores embarcações, fora do alcance do
forte. Conquanto não existe um reconhecimento exato deste canal em ocasião de
enchente, todavia poder-se-ia defende-lo por uma bateria colocada
convenientemente.
O forte, que está bem conservado, carece
de uma pequena muralha no sopé da colina sobre a qual assenta, onde sejam
montados os canhões, para repelirem da margem os navios que, no empenho de
evitarem o fogo de cima, pretendessem passar por junto de terra, à sombra do
forte, pois que há muito fundo junto à margem. O forte possui seis excelentes
canhões de 80, e cinco de 32 nas baterias da colina; e, na inferior, outro de
32. Desta se tiraram à pouco dois canhões de 80 que a guarneciam, e que, com
mais 2 das baterias superiores, foram reforçar a fortaleza da Capital (Belém). Restituídas
à Óbidos, pode esta praça oferecer 10 peças de 80, mais que suficientes, a meu
ver, e que dominam perfeitamente todo o canal, além das seis de 32.
Portanto, os navios que escaparem aos
canhões de Macapá, ou a grossa artilharia há pouco recebida do Pará, não
poderão evitar a passagem de Óbidos. Além disso, Óbidos é um distrito bem
povoado, abundante de cereais e gado.
NOTA: Fonte
documental utilizada – Jornal A Patria, 1866, ed. 07.
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