Por Padre Sidney
Augusto Canto
Corria o ano de
1900...
Era o dia 15 de
novembro. Dia festivo na nação e também no município de Óbidos. Aportado no porto
da cidade estava o cruzador “Tiradentes”, da marinha brasileira, que no
amanhecer saudou o dia com uma salva de 21 tiros de canhão.
Às oito e meia
da manhã, com toda a solenidade possível, realizou-se a posse do novo
Intendente Municipal de Óbidos e demais membros do Conselho Municipal (chamados
de vogais, equivalia às funções dos atuais vereadores). O coronel José Antônio
de Mattos Piranha assumiu o cargo de Intendente, reeleito que fora para tal, o
mesmo era chefe do Partido Republicano local.
Logo em seguida,
às nove horas da manhã, os eleitores obidenses foram cumprir com a obrigação
democrática do voto, para escolher o novo Governador e o Vice-Governador do
Estado do Pará. Duas sessões funcionavam para recolhimento dos votos. A
primeira ficava na sede da Intendência Municipal e a segunda na Escola do sexo
masculino. As tensões políticas dos dois partidos existentes, o Republicano (ou
lemistas) e o Federal (ou lauristas) era evidente no meio social obidense. Naquele
dia, ao menos na cidade de Óbidos, o partido Republicano saiu vencedor.
Uma carta,
publicada no “O Jornal”, do dia 27 de novembro de 1900, ilustra um pouco do
clima que vivia a cidade de Óbidos por ocasião daquele pleito eleitoral:
É lastimável, mas é necessário que não
permaneça na sombra o desacerto do candidato amparado pelo Partido Federal, ou
laurista, que no auge do seu despeito, esqueceu-se dos homens conceituados e
velhos alicerces do partido que o amparou, para com flagrante desconsideração
destes encarregar de sua eleição, neste município, a pessoas estranhas, sem a
precisa calma, sem o menor conhecimento do eleitorado e sem prestígio.
O alferes Hilário, do 15º batalhão de
infantaria, que comanda o Forte desta cidade, foi o encarregado por esse
candidato de sua eleição e, como seu ajudante, lhe foi enviado da capital o
tenente-coronel Marcos Nunes.
Esse chefe improvisado teve a triste
ideia de que podia conseguir votos e vencer a eleição por meio do terror e
ameaças. O seu plano foi posto em prática por si, por seu ajudante e por mais
um comparsa que voluntariamente se alistou para que trempe fosse completa. O
resultado, como era de esperar, foi negativo, o improvisado chefe do partido
que amparou o candidato colhido na rua conseguiu apenas sete votos!
Um fato triste,
entretanto, há que se lamentar. Conforme o costume, pelo meio dia nova salva de
21 tiros de canhão fora disparada, desta ver pela artilharia do Forte Pauxis.
No entardecer, quando se disparava a salva festiva das seis da tarde, um praça
do forte foi mortalmente ferido e outro teve queimaduras provenientes do
disparo de um dos canhões do forte. O jovem soldado morreu duas horas depois da
última salva de fogos do dia. Seu enterro, no dia seguinte, teve todas as
honras militares a que tinha direito.
NOTA: Fonte
documental utilizada – O Jornal, 1900, ed. 070.
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