Pela Instrução
na Terra Natal
Quando, em nosso
anterior escrito submetido ao título supra, fizemos sentir não haver entre nós
senão estabelecimentos de ensino primário, não deixou de nos ocorrer à
lembrança a existência do Curso Normal Rural há bem pouco instalado no Colégio
Santa Clara, mercê da boa vontade do Governo Paraense. Muito a propósito não
nos referimos a esse novo curso de ensino especial, porque nosso intento era
ocupar-nos dele em artigo a parte, o que ora fazemos prazenteiramente.
Equiparado ao Curso Normal Rural recentemente criado na capital do nosso Estado, numa clara visão de facilitar à pobreza a consecução de um diploma que lhe ofereça ensanchas de ganhar honestamente o pão cotidiano, prestando ao mesmo tempo real serviço à infância do interior, na sua maioria desamparada e cega de luzes – o nosso Curso Normal Rural está fadado a concorrer eficazmente para o desenvolvimento da Instrução em nossa terra, contribuindo dess’arte, para o seu engrandecimento.
Mas para que o
novel curso se desabrigue do programa que lhe foi traçado, atingindo, desse
modo, os seus justos fins, cumpre a todos que se interessam pela Instrução em
Santarém – e estes são em primeiro plano os pais de família – prestar seu apoio
às obreiras do conceituado educandário, essas abecaras mas dedicadas preceptoras
que veem já desse muito tempo, concedendo, neste rincão, frutuosos benefícios à
orfandade e à pobreza, sem visar outra recompensa, senão praticar o bem pelo
bem, em nome da Religião Augusta do Calvário.
Já no
recém-criado Curso se acham matriculadas algumas senhorinhas, todas elas
dispostas a levar a termo o dever que se impuseram, e não tardará que,
competentemente diplomadas, surjam novas obreiras do ensino nacional, para
maior progredimento do Brasil.
Conquanto não
seja desprezível o número de alunas matriculadas, não é de tal forma a
corresponder à iniciativa das beneméritas educadoras clarissas. Empreendimento
de monta, o novo curso precisa de mais decidido apoio para que possa seguir os
seus destinos, e esse apoio depende tão somente nos mais interessados no
assunto – os nossos chefes de família.
Sendo módica,
como é, a mensalidade estabelecida para o curso, a qualquer mocinha menos
abastada torna-se fácil a matrícula, dependendo esta apenas das exigências do
programa adotado.
É de conveniência,
portanto, que não regateemos amparo e animação às humildes batalhadoras do
Ensino Normal Rural porque, se lhe os negarmos, negaremos concurso ao
aperfeiçoamento dos nossos jovens patrícios carecentes de alfabetização e,
consequentemente, ao progresso da pátria que nos é cara.
F. S.
NOTA: Texto
extraído do “O Jornal de Santarém” de 10 de fevereiro de 1934.
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