domingo, 18 de setembro de 2016

O Cruzador Tupi no Sairé de Alter do Chão

O Cruzador tupi era uma das danças resgatadas com o Festival Folclórico que fez ressurgir o Sairé em 1973 (na foto abaixo a sua apresentação durante o Sairé de 1979). Segundo os pesquisadores João de Jesus e Violeta R. Loureiro, que tiveram informações de Nice Lobato Gonçalves, moradora de Alter do Chão:



É um tipo de folguedo. “Cruzador Tupi” é o nome de uma pequena barca. É também um antigo folguedo revivido, dançado só por homens, que se organizam aos lados do barcos e apresentam uma viagem – cujo trajeto é Europa Brasil (Maranhão). Não conseguem chegar em virtude de um incêndio que há na barca, em consequência de discórdias e falsidades entre tripulantes. Termina com a conciliação das partes. Desenvolve-se através de versos cantados. Dançam em trajes de marinheiro, cada qual com o uniforme correspondente a um posto da marinha.
O grupo é composto de 26 elementos. Cantam valsas e sambas. É através das letras que o enredo se desenvolve.

O Cruzador Tupi era uma dança que só podia ser compreendida com atenção na coreografia e na letra das músicas que embalavam a apresentação teatral: que começava com a traição do imediato do navio que anseia assumir o comando do mesmo, em seguida ocorre um problema na caldeira, a quebra do leme e o barco fica sem direção. O comandante manda prender o imediato que tenta incendiar o barco, por vingança. O folguedo termina com a reconciliação entre as partes.

Pela estrutura apresentada em Alter do Chão, o folguedo Cruzador Tupi também poderia ser associado à Marujada que acontece ainda hoje na região bragantina, mas com nuances próprios, que adquiriu entre os moradores de Alter do Chão.

Para completar, vejamos o que diz a pesquisadora Meive Piacesi sobre esta manifestação folclórica:

A dança começou a ser apresentada em Alter do Chão, por volta de 1950, pela época das festas juninas, orientado pelo sr. Firmo, que lá esteve, a convite de Oscar Lobato e Aparício Garcia. Nessa época era um grupo de jovens que apresentava o Cruzador.
Utilizam um barco, no tamanho de 1,50 m, com velas e iluminação, todo confeccionado com latas vazias de querosene (20), pelo Sr. Luiz Vieira da comunidade.
O barco fica no centro e os homens se organizam dos lados, em fila. O visual é bastante bonito, tanto pelas roupas brancas quanto pelo barco, que inclusive tem um incêndio simulado. É uma dança atualmente bastante requisitada por quantos visitam a comunidade na Festa do Sairé.
Apresentou-se nos anos de 1950, 1965, 1966, nas festas juninas e normalmente em Santarém, em 1969, na Feira da Cultura Popular.
A partir de 1976 passou a se fazer presente nas festas do Sairé.

NOTA: Publicado no Livro “Alter do Chão e Sairé: Contribuição para a história”, publicado pelo autor do blog em 2014. Foto: Acervo ICBS.

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