O Cruzador tupi era uma das danças resgatadas com o Festival Folclórico
que fez ressurgir o Sairé em 1973 (na foto abaixo a sua apresentação durante o Sairé de 1979). Segundo os pesquisadores João de Jesus e
Violeta R. Loureiro, que tiveram informações de Nice Lobato Gonçalves, moradora
de Alter do Chão:
É um tipo de folguedo.
“Cruzador Tupi” é o nome de uma pequena barca. É também um antigo folguedo
revivido, dançado só por homens, que se organizam aos lados do barcos e
apresentam uma viagem – cujo trajeto é Europa Brasil (Maranhão). Não conseguem
chegar em virtude de um incêndio que há na barca, em consequência de discórdias
e falsidades entre tripulantes. Termina com a conciliação das partes.
Desenvolve-se através de versos cantados. Dançam em trajes de marinheiro, cada
qual com o uniforme correspondente a um posto da marinha.
O grupo é composto de
26 elementos. Cantam valsas e sambas. É através das letras que o enredo se
desenvolve.
O Cruzador Tupi era uma dança que só podia ser compreendida com atenção
na coreografia e na letra das músicas que embalavam a apresentação teatral: que
começava com a traição do imediato do navio que anseia assumir o comando do
mesmo, em seguida ocorre um problema na caldeira, a quebra do leme e o barco
fica sem direção. O comandante manda prender o imediato que tenta incendiar o barco,
por vingança. O folguedo termina com a reconciliação entre as partes.
Pela estrutura apresentada em Alter do Chão, o folguedo Cruzador Tupi
também poderia ser associado à Marujada que acontece ainda hoje na região
bragantina, mas com nuances próprios, que adquiriu entre os moradores de Alter
do Chão.
Para completar, vejamos o que diz a pesquisadora Meive Piacesi sobre
esta manifestação folclórica:
A dança
começou a ser apresentada em Alter do Chão, por volta de 1950, pela época das
festas juninas, orientado pelo sr. Firmo, que lá esteve, a convite de Oscar
Lobato e Aparício Garcia. Nessa época era um grupo de jovens que apresentava o
Cruzador.
Utilizam
um barco, no tamanho de 1,50 m, com velas e iluminação, todo confeccionado com
latas vazias de querosene (20), pelo Sr. Luiz Vieira da comunidade.
O barco
fica no centro e os homens se organizam dos lados, em fila. O visual é bastante
bonito, tanto pelas roupas brancas quanto pelo barco, que inclusive tem um
incêndio simulado. É uma dança atualmente bastante requisitada por quantos
visitam a comunidade na Festa do Sairé.
Apresentou-se
nos anos de 1950, 1965, 1966, nas festas juninas e normalmente em Santarém, em
1969, na Feira da Cultura Popular.
A partir
de 1976 passou a se fazer presente nas festas do Sairé.
NOTA:
Publicado no Livro “Alter do Chão e Sairé: Contribuição para a história”,
publicado pelo autor do blog em 2014. Foto: Acervo ICBS.
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