Por Padre
Serafim Leite
A Missão de
Gurupatuba, no Rio e Aldeia dos Índios do mesmo nome, foi fundada pelos Padres
da Companhia de Jesus, no lugar que é hoje Monte-Alegre.
Com esta notícia assim, escorreita e simples, se reforma o que anda geralmente escrito nos autores modernos, sobre o local e origem desta cidade galante.
A primeira
catequese, em regra, da Aldeia de Gurupatuba, pode datar-se de 1657, quando por
ali passaram os padres Francisco Veloso e Manuel Pires, “o clérigo de Paredes”,
“sonhador de coisas futuras”... A Aldeia, naturalmente, já era conhecida antes
dessa data, como escala das expedições militares ao sertão amazonense. Por ali
passariam Pedro Teixeira, Costa Favela e outros capitães. Ali tocariam alguns
sacerdotes seculares e regulares, como os Franciscanos e Mercedários espanhóis,
que desceram de Quito. Ali estiveram os Jesuítas, que igualmente desceram de
Quito, na volta de Pedro Teixeira, um dos quais, Cristovão de Acunha, cita
expressamente Gurupatuba, como a última Aldeia de Índios, “que tem os
portugueses a favor de sua Corôa”... Tudo isto, porém, é ainda Gurupatuba
gentia, cuja origem se perde na indiscriminação dos tempos, alvores indecisos,
de que vai emergir em 1657 com a catequese daqueles dois missionários que
percorreram o Amazonas até o rio Negro.
Bettendorff,
falando de Francisco Veloso, escreve que “por todo o caminho não fez o padre
missionário senão doutrinar, levantar cruzes e batizar, em caso de suprema
necessidade”. Não diz o cronista que Aldeias ficavam “por todo o caminho”. Mas
uma delas era Gurupatuba, e todas as Aldeias do vale amazônico tinham sido
confiadas aos Jesuítas, dois anos antes, ao voltar do Reino o Padre Antônio
Vieira. A 08 de dezembro de 1657, dia de Nossa Senhora da Conceição, bem podiam
estar ainda na Aldeia, Francisco Veloso e Manuel Pires, que a 5 desse mês ainda
não haviam regressado ao Pará. Como a igreja de Gurupatuba se dedicou depois a
Nossa Senhora da Conceição, por ordem ou confirmação de Bettendorff, aquele dia
08 de dezembro de 1657 marcaria a primeira data histórica, fundamental, na vida
cristã e civilizada de Gurupatuba.
NOTA: Texto
publicado no “Jornal do Comércio” de 31 de agoso de 1941.
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