quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Descrição de um viajante: Monte Alegre (Pará) - 1926

 Em 25 de março de 1926, o jornalista Lourival Nobre de Almeida, fazendo uma viagem pelo rio Amazonas, faz uma descrição das suas impressões sobre a cidade de Monte Alegre, que abaixo transcrevemos:


Monte Alegre é um município essencialmente agrícola e onde se vem ultimamente se intensificando o cultivo do algodão, que já constitui o principal gênero de exportação e é reputado o melhor do Estado do Pará. A vista de alguns algodoeiros monte-alegrenses, suscitou a José Veríssimo, quando visitou aquela cidade, a opinião lisonjeira de que a Província do Pará, e quiçá o distrito de Monte Alegre, só poderia firmar na Europa a reputação do Brasil como produtor de algodão.
O município faz parte da prelatura de Santarém, entregue à proficiência de Dom Amando Bahlmann, homem de iniciativa e formidável capacidade de trabalho, e a quem a prelatura deve assinalados serviços. É vigário de Monte Alegre o franciscano alemão frei Cherubim Mones, que, como seu antecessor, frei Estanislau Cleven, tem feito ótima administração, auxiliado pelo coadjutor, frei Conrado Kaufmann.
Frei Cherubim é credor da gratidão e do apreço dos seus paroquianos, pelo seu espírito de iniciativa, que já tem prestado ao município e à coletividade os mais assinalados benefícios, entre os quais me ocorrem: a completa remodelação e o embelezamento interno da Igreja Matriz, a reconstrução das capelas de Santa Luzia, na cidade baixa, e de Santo Antônio, no Ereré, a fundação do Colégio de São Francisco, com uma frequência diária de cerca de 130 alunos, a manutenção do Colégio da Irmandade da Conceição, um internato para meninas, fundado por frei Estanislau e dirigido pelas competentes irmãs Clarissas, a fundação de um clube lítero-artístico-desportivo, com várias reuniões mensais, nas quais frei Cherubim procura despertar nos espíritos dos seus discípulos o culto do belo: esse Clube – Clube dos Aloysianos – mantém uma bem organizada banda musical infantil, e além destas, muitas outras obras que não me cabe, nesta breve crônica, enumerar”.


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