Pe.
Sidney Augusto Canto
As décadas de
1940 e 1950 viram acontecer diversas mudanças no carnaval Santareno. A
principal delas foi a solidificação, cada vez maior, dos bailes de salão. Por
outro lado, os bailes promovidos nas residências das famílias santarenas, os “assaltos”
e os “sustos” foram diminuindo até desaparecerem, para a felicidade de muitas
“assustadas“ vítimas.
Em 1949, além dos
bailes dos clubes, o carnaval de rua continuava a acontecer, conforme podemos
ver na notícia publicada no Jornal de Santarém de 26 de fevereiro daquele ano:
Domingo, dia 27, a partir das 15
horas, na Rua João Pessoa, grande batalha de confetes seguida de empolgante préstito
de 05 carros alegóricos sob o patrocínio do senhor Prefeito Municipal, do
Comércio da nossa praça e da ZYR-9 – Rádio Clube de Santarém.
O desfile será formado pelos blocos
carnavalescos: Camponesas Húngaras, Arlequins da Folia, Recreativenses,
Chiquita Bacana e por mil e um foliões que queiram tomar parte nesta tarde de
frevo.
Não esqueçam!
Sem chuva ou com chuva estaremos no
frevo como entusiastas da pandegolia. Dá um sorriso morena bacana e entre na
folia, mostrando que teu sangue tem o micróbio do samba...
Está, está melhorando está, estaremos
todos na rua João Pessoa, a partir das 15 horas, para a monumental batalha de
confetes.
A comissão organizadora do Carnaval
de Rua, tendo à frente a entusiástica formada por Moacir Miranda, João Fona,
Odete Matos, Wilma Fona, Ruthe Serruia e Algeny Dias, manifesta a sua
satisfação pela acolhida espontânea e colaboracionista do sr. Prefeito
Municipal, do Comércio de nossa praça e da ZYR-9, que dentro de suas
possibilidades, num rasgo de alta fidalguia, vem dando decidido apoio a esta
iniciativa.
A década de 1950
continuou vendo os bailes e as batalhas de confete no centro da cidade, com
blocos de animação organizados por grupos de foliões, muitos deles,
temporários, apenas para um ou dois anos de quadra carnavalesca.
Os bailes carnavalescos
das sedes sociais viram, na década de 1950, o fim de muitas bandas de “Jazz”
famosas. A principal delas, que encerrou sua existência em 1953, foi o “Euterpe
Jazz”. Outras bandas que iniciaram a década de 1950 e, segundo Luciano Lopes
dos Santos, ainda estavam em atuação no ano de 1952, eram:
- “Ring Orquestra”,
dirigida por José Ramos;
- “Mocorongo
Orquestra”, dirigida por Mimi Paixão;
- “Ideal Jazz”,
dirigida por Daniel Cardoso;
- “Independência
Jazz”, dirigida por Dinaor Pedroso;
- “Peter-Pan Jazz”,
dirigida por Carlos Wangham;
- “Dragão da
Folia Jazz”, dirigida por Nelson Wangham.
No entanto, os
anos 1950 viram uma crise entre os músicos de Santarém. Da segunda metade desta
década em diante (entrando pelos anos de 1960), vários grupos musicais se
formavam apenas por ocasião dos Bailes, como, por exemplo, a “Orquestra José
Agostinho”, que animou os salões do Recreativo ou a “Jazz Zé Ramos e Quidó”,
que animavam os bailes do São Francisco em idos de 1958/9. “Os Lordes”, que
animavam os bailes do Santarém Clube, entre outros, formados por músicos
remanescentes das orquestras acima citadas, que animavam os bailes momescos.
O principal dos
bailes de salão continuou sendo o do Centro Recreativo, agora realizado em sua
nova sede social, construída nas proximidades da Praça da Matriz. O baile, além
das máscaras, foi agregando novidades como os concursos de fantasias e,
posteriormente, a partir do ano de 1950, o famoso concurso de Rainha do
Carnaval do Centro Recreativo, juntamente com a escolha e coroação do “Rei Momo”.
O concurso de Rainha do Carnaval, posteriormente, foi dividido em duas categorias:
adulto e adolescente.
No entanto, o
Recreativo já não era o único clube que imperava no Carnaval Santareno. Outros
clubes foram surgindo e realizando bailes que caíram no gosto do povo. O São
Francisco Futebol Clube era o grande rival do tradicional Recretivo, ainda na
década de 1950. Mas outros ofereciam bailes carnavalescos, entre os quais
citamos: o Santarém Clube, na Rua Floriano Peixoto; o Veterano Esporte Clube,
no bairro da Aldeia, entre outros.
Para encerrar
esta parte, falemos de um fato curioso acontecido no carnaval de 1969. No
sábado gordo (15 de fevereiro), logo pela manhã, era assassinado o prefeito
municipal Elinaldo Barbosa. O então delegado de polícia, era Maurício Castanho,
pastor de uma igreja evangélica que, em virtude do falecimento do prefeito,
proibiu a realização dos BAILES de CARNAVAL. Fato inusitado, mas apoiado no
luto pela morte do gestor da comuna.
Enterrado o
prefeito (no domingo gordo), o delegado começou a ser pressionado para revogar
o decreto que proibia a realização dos bailes carnavalescos. A pressão foi
grande, que três dias depois de expedido, o decreto foi revogado. Assim a
terça-feira gorda acabou com o luto e o povo procurou os bailes e as ruas para
brincar o carnaval. A única exceção foi o Centro Recreativo, que ainda chegou a
preparar o baile (apesar do prefeito assassinado também fazer parte do quadro
social do clube), mas teve que cancelar o mesmo, pois na manhã gorda de
carnaval, chegava a notícia do falecimento do senhor Sampson Wallace, gerente
da firma Marques Pinto e sócio do tradicional clube santareno que, pela
primeira vez, deixaria de realizar o até então mais tradicional baile
carnavalesco da cidade.
NOTA: Continua
ainda neste mês. O blog agradece ao leitor João Oliveira pelo envio da foto do Carnaval de Rua em Santarém na década de 1960.
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