quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Isto foi notícia: Racionamento de energia

Nem tudo eram flores na Santarém do passado. No dia 14 de setembro de 1927, a empresa que geria a “Usina de Luz e Força” desligou as caldeiras e deixou de produzir a energia elétrica para a cidade de Santarém.

O fato se deu por conta do seguinte: O Intendente municipal, temendo a devastação ambiental ocasionada pela extração de madeira que servia de lenha para as caldeiras da usina, instituiu um imposto sobre o metro cúbico de lenha no valor de 500 réis extraídas das matas do patrimônio municipal. O resultado foi o imediato repasse do imposto ao preço do feixe de lenha que era vendido na cidade na média de 7$500 (sete mil e quinhentos réis). Acontece que a empresa da “luz” só queria pagar 4$000 (quatro mil réis) no metro público. Como os lenhadores se sentiam lesados em seu trabalho e não baixaram os preços, a empresa cortou a energia da cidade e acusou que a causa seria o referido imposto sobre a lenha.


O jornal “A Cidade” do dia 17 de setembro nos revela que, após três dias sem energia elétrica, a empresa foi desmentida em suas desculpas e desmascarada, conforme consta no trecho do editorial:

Eis como se explica a atitude dos homens da luz, que, comprando uma questão alheia, quiseram ser mais realistas que o rei. Sim, porque o imposto em apreço é taxativo sobre os lenhadores e não sobre a empresa que, - não nos consta, - não tem gente assalariada para esse mister. E assim sendo o seu protesto nada vale, como o não valeria mesmo em tendo ela o serviço de extração por sua conta.
O sr. coronel intendente mantém e manterá seu ato, alías com o qual estão de pleno acordo os lenhadores.
A teimosia, pois, é da empresa e esta é a única responsável pelo não fornecimento de luz à população”.


Os tempos, quase cem anos depois, são outros, mas os problemas parecem ser ainda bastante semelhantes...

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